A meio da noite pela Companhia Olga Roriz em Abril no Teatro Nacional São João



Estreia absoluta a 27, 28 e 29 de Abril no Teatro Nacional São João.

Celebrando o centenário do nascimento de Ingmar Bergman (2018) e as comemorações do dia internacional da Dança (dia 29 de Abril), a Companhia Olga Roriz estreia no Festival Dias da Dança e em coprodução com o Teatro Nacional São João, Teatro Municipal de Bragança e Teatro Municipal de Vila Real, a sua nova criação intitulada A meio da noite. 

Teatro Nacional São João | dias 27, 28 e 29 de Abril, às 22h, 19h e 17h. 
À estreia absoluta antecede-se uma residência artística em Leiria, a convite do Festival de Música de Leiria, que originará uma antestreia do espectáculo, no dia 14 de Abril, no Teatro José Lúcio da Silva, às 21h30. 

Masterclass TNSJ| dia 28 de Abril, das 14h30 às 16h00.
“A minha abordagem a outras obras, outros autores. Processos e percursos de criação. O método dentro do método. Pesquisa fora e dentro do pensamento. Os intérpretes e os afetos. A mais secreta intimidade.” — Olga Roriz

A meio da noite
Revisita o universo de Ingmar Bergman numa celebração do seu nascimento e da sua obra. 
A dança o teatro e o cinema à procura de um outro lugar.
A 14 de Julho de 1918 nascia Ingmar Bergman. Poucos realizadores conseguiram encontrar profundidade no interior do ser humano. Os seus sonhos cheios de pesadelos foram a base inspiradora de muitos dos seus filmes, onde nos quais espaço e tempo se desvanecem do real. A impossibilidade de comunicação, a religião e a morte são as temáticas mais obsessivas de Bergman. No entanto, o que é mais importante na vida do realizador é a comunicação que conseguimos com outros seres humanos: sem isso estaríamos mortos. A redenção, por vezes, aparenta ser o amor, mas sempre que as personagens parecem perceber isso, a luz é retirada do ecrã. Apesar de lhe interessar qualquer ser humano, seja homem ou mulher, Bergman não esconde gostar mais de trabalhar com mulheres, afirmando que são melhores atrizes, talvez porque têm uma relação mais aberta com a sua reflexão. A verdade é que as mulheres de Bergman não são um mito, elas existem em todo o seu esplendor e complexidade. As referências são esmagadoras, tanto na quantidade como na dificuldade de análise e interpretação de cada personagem. É nessa visão do realizador que nos iremos inspirar, nesses homens e mulheres assustadoramente reais, na solidão em luta constante com o interior.
A meio da noite, sendo um espetáculo que se propõe abordar a temática existencialista do encenador e cineasta Ingmar Bergman, é simultaneamente uma peça sobre o processo de criação numa procura incessante de si próprio e dos outros.
Sete intérpretes encontram-se para partilhar as suas pesquisas sobre a obra do realizador e criarem, coletiva ou individualmente, cenas que possam integrar um futuro espetáculo.
À volta de uma mesa/ilha, fecham-se nos seus pensamentos, mergulhados nos computadores, nos livros, nos vídeos. Tudo nasce desse huis clos de criação: o som, a luz, as imagens, as ações e contradições, dramas, pesadelos e fantasmas. As camadas de representação acumulam-se, criando tramas dramatúrgicas onde se mistura a mentira com a verdade dos factos.
A meio da noite é uma profunda homenagem a Ingmar Bergman, aos atores dos seus filmes e aos intérpretes desta Companhia.
Olga Roriz, 10 de Fevereiro de 2018


Ficha artística e técnica

Direção Olga Roriz

Intérpretes André de Campos, Beatriz Dias, Bruno Alexandre, Bruno Alves, Catarina Câmara, Francisco Rolo, Rita Calçada Bastos
Banda Sonora Johann Sebastian Bach, Erik Satie, Primal Scream, Michelle Gurevich, Franz Schubert, Frédéric Chopin, Piotr Ilitch Tchaikovsky, Richard Wagner, Dolf van der Linden, Erhard Bauschke, Giovanni Fusco, Jefferson Airplane, excertos sonoros do filme Metropolis (1927) de Fritz Lang, Persona (1966) de Ingmar Bergmar e entrevista a Ingmar Bergman
Seleção musical Olga Roriz, João Rapozo e intérpretes
Cenografia e figurinos Olga Roriz e Ana Vaz
Desenho de luz Cristina Piedade
Vídeo Olga Roriz e João Rapozo
Desenho de som Sérgio Milhano
Apoio dramatúrgico Rita Calçada Bastos
Apoio Vocal João Henriques
Tradução e elocução em Sueco Birte Lundwall
Assistente de ensaios Ricardo Domingos 
Assistente de cenografia e figurinos Rita Osório
Fotografia Alípio Padilha
Montagem gráfica Paulo Teixeira
Pós-produção áudio e vídeo João Rapozo
Montagem e operação de luz Contrapeso
Montagem e operação de som Ponto Zurca 

Companhia Olga Roriz
Direção Olga Roriz
Produção e digressões Ana Rocha 
Gestão Patrícia Soares 
FOR Dance Theatre e Residências Lina Santos




  
“A imaginação devia sentir vergonha. É humilhante mas é também necessário. Todos os dias penso que este processo tem algo de fatigante, desagradável e, além do mais, de absurdo. Todos os dias prometo a mim próprio abandoná-lo porque ele não cessa de me irritar. Mas todos os dias rescindo a minha decisão e recomeço, rasgo o que já escrevi ou recomeço.
O prazer que sinto é vago mas persistente. Qual é o meu objetivo com estas imagens? Repito, qual é a minha intenção? Não sei, e jamais conseguirei saber com uma certeza mínima. É possível que, à medida que avanço, consiga uma justificação repentina. Tudo o que sei é que uma espécie de prazer de resolver uma situação me impele a fazer o que faço, o prazer de criar um espaço no meio de um caos confuso, de impulsos contraditórios, um espaço em que a imaginação e o desejo de rigor formal se cristalizam num esforço comum e numa conceção de vida que me é própria: o desejo absurdo e jamais satisfeito de comunicar e estabelecer relações, as tentativas desastrosas de quebrar com o isolamento e a distância.”
Ingmar Bergman | Excerto de guião de “Lágrimas e Suspiros”, pág.46


Digressão

- 14 de Abril- Festival de Música, Orfeão de Leiria, Leiria (antestreia)
- 27, 28 e 29 de Abril- Festival DDD - Teatro Nacional São João, Porto
- 4 de Maio – Teatro Aveirense, Aveiro
- 14 de Julho- Festival de Almada, Almada
- 12 de Setembro -  Teatro Municipal de Vila Real, Vila Real
- 15 de Setembro -  Centro Cultural Vila Flor, Guimarães
- 19 de Setembro -  Teatro Municipal de Bragança, Bragança
- 23 de Setembro -  Festival Porto Alegre Em Cena, Porto Alegre, Brasil
- 5 de Outubro  -  Festival de Dança de Londrina, Londrina, Brasil
- 19, 20, 27 de Outubro - Teatro Camões, Lisboa
- 3 de Novembro - Casa das Artes, Vila Nova de Famalicão
- Janeiro 2019– Centro de Artes de Águeda, Águeda
- Março 2019– Cineteatro Louletano, Loulé


Olga Roriz
Olga Roriz, natural de Viana do Castelo, teve como formação artística na área da Dança o curso da Escola de Dança do Teatro Nacional de S. Carlos com Ana Ivanova e o curso da Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa. Em 1976 integrou o elenco do Ballet Gulbenkian sob a direção de Jorge Salavisa, permanecendo até 1992 onde foi primeira bailarina e coreógrafa principal. Em Maio de 1992 assumiu a direção artística da Companhia de Dança de Lisboa e em Fevereiro de 1995 fundou a Companhia Olga Roriz, da qual é diretora e coreógrafa. O seu reportório na área da dança, teatro e vídeo é constituído por mais de 90 obras, onde se destacam as peças ‘Treze Gestos de um Corpo’, ‘Isolda’, ‘Casta Diva’, ‘Pedro e Inês’, ‘Paraíso’, ‘Electra’, ‘Nortada’ e ‘A Sagração da Primavera’.  Criou e remontou peças para um vasto número de Companhias nacionais e estrangeiras entre elas o Ballet Gulbenkian e Companhia Nacional de Bailado (Portugal), Ballet Teatro Guaira (Brasil), Ballets de Monte Carlo (Mónaco), Ballet Nacional de Espanha, English National Ballet (Inglaterra), American Reportory Ballet (E.U.A.), Maggio Danza e Alla Scala (Itália). Internacionalmente os seus trabalhos foram apresentados nas principais capitais Europeias, assim como nos E.U.A., Brasil, Japão, Egito, Cabo Verde, Senegal e Tailândia. Tem um vasto percurso de criação de movimento para o Teatro e Ópera e na área do cinema realizou três filmes, ‘Felicitações Madame’, ‘A Sesta’ e ‘Interiores’. Várias das suas obras estão editadas em DVD pela produtora Real Ficção, realizadas por Rui Simões.
Uma extensa biografia sobre a sua vida e obra foi editada em 2006 pela Assírio&Alvim com texto de Mónica Guerreiro. Desde 1982 Olga Roriz é distinguida com relevantes prémios nacionais e estrangeiros. Entre eles destacam-se o 1º Prémio do Concurso de Dança de Osaka, Japão (1988), Prémio da melhor coreografia da Revista Londrina Time-Out (1993), Prémio Almada (2004), Condecoração com a insígnia da Ordem do Infante D. Henrique – Grande Oficial pelo Presidente da República (2004), Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores e Milleniumbcp (2008), Prémio da Latinidade (2012), distinção com o prémio Mulheres Mais Influente de Portugal (2016), pela revista EXECUTIVA e prémio SPA (2018) para melhor coreografia de 2017 com a peça ‘Síndrome’. Foi-lhe atribuído em Dezembro de 2017 pela Universidade de Aveiro, o Doutoramento Honoris Causa por distinção nas Artes.

Companhia Olga Roriz
A Companhia Olga Roriz, fundada em 1995 com o apoio financeiro do Ministério da Cultura e dirigida pela coreógrafa Olga Roriz, tem sido ao longo destes 22 anos uma referência de qualidade profissional e artística no panorama nacional e internacional da dança contemporânea portuguesa. A Companhia Olga Roriz caracteriza-se e diferencia-se pelo facto de ser uma companhia de autor que criou uma vasta obra com um perfil e estilo próprios. Todas as produções são o resultado de um intenso processo criativo, de investigação, partilha e reflexão. Esta Companhia tem apresentado as suas produções em todos os espaços culturais de referência nacionais. Internacionalmente já atuou em Cabo Verde, França, Itália, Alemanha, Polónia, Brasil, Espanha, Checoslováquia, EUA, Macau. Coreia do Sul e Moçambique e Tailândia. Mais recentemente, a peça Síndrome foi distinguida com o prémio de Melhor Coreografia 2017, pela Sociedade Portuguesa de Autores. 

Produções
1995 - Introdução ao Princípio das Coisas II, Finisterra II
1996 - Propriedade Privada, Cenas De Caça II
1997 - Start and Stop Again 
1998 - Anjos, Arcanjos, Serafins, Querubins,... e Potestades, Propriedade Pública
2000 - Os Olhos de Gulay Cabbar 
2001 - Código md8 
2002 - Não Destruam Os Mal-Me-Queres 
2003 - Jump-Up-And-Kiss-Me 
2004 - Jardim de Inverno II, Confidencial
2005 - Felicitações Madame I, II, O Amor Ao Canto Do Bar Vestido De Negro
2006 - Felicitações Madame III, Daqui Em Diante, Felicitações Madame (filme)
2007 - Paraíso, A Sesta (filme)
2008 - Inferno
2009 - Nortada, Interiores, Solos
2010 - Electra, A Sagração da Primavera, Interiores (filme)
2011 - Pets
2012 - Present in Progress, Cenas, A Cidade
2013 - A Sagração da Primavera – Solo, Eurídices (filme)|2014 – Terra
2015 - 20º aniversário COR (reposição de 6 peças de repertório da COR)
2016 - Antes que matem os Elefantes
2017 - Síndrome
2018 - A meio da noite

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