"Biografia de um Poema" no Teatro do Bairro


BIOGRAFIA DE UM POEMA
a partir da obra homónima de Carlos Drummond de Andrade
13 de setembro a 8 de outubro - quarta a sábado, 21h30  /  domingo, 17h - Teatro do Bairro

Encenação: António Pires
Com: Cassiano Carneiro, Chico Diaz e Rita Loureiro
Produção: Ar de Filmes / Teatro do Bairro

12€ / 6€ (<25>65, prof. do espetáculo e portadores de Cartão de Amigo)
5€ (Dia do Espectador – quarta-feira)


O Poema
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.



Publicado pela primeira vez na Revista de Antropofagia em 1928.


O livro
Um poema de dez versos, que na realidade se reduzem a três - pois repete muitas vezes umas poucas palavras - foi escrito em 1924 por Carlos Drummond de Andrade, na altura um jovem desconhecido. Hoje, no Brasil, todos conhecem a “Pedra no Meio do Caminho”. Foi discutido, parodiado, elogiado, atacado, interpretado e louvado até ser espontaneamente incorporado na vida quotidiana brasileira. Nunca nenhum outro poema provocou até hoje tamanha avalanche de reações, comentários e opiniões tendo sido, inclusivamente, traduzido para inúmeras línguas.
Quarenta anos depois, o já ilustre Carlos Drummond de Andrade, reuniu em livro os acontecimentos mais marcantes que envolveram este que é, afinal, o poema mais discutido do modernismo literário brasileiro: “Colecionei e publiquei tudo o que se escreveu sobre a pedra no caminho, pró e contra, claro que na maioria contra - ‘A pedra é um símbolo! É uma besteira! Genial! Idiota!’ - Afinal: ficou divertidíssimo”. A este livro, publicado em 1967, chamou “Biografia de um Poema”.


O espetáculo
Foi a partir das histórias compiladas pelo próprio autor neste “livro divertidíssimo” e tendo como referência também outros textos, autores e obras do período modernista brasileiro, que António Pires construiu o seu espetáculo, com um elenco de atores brasileiros (Cassiano Carneiro e Chico Diaz) e uma atriz portuguesa (Rita Loureiro). “Logo que li o livro, a identificação com o meu trabalho foi imediata”, diz o encenador. “Tantos anos depois do modernismo, ainda se tenta entender tudo, ainda há quem pense no teatro como uma história com princípio, meio e fim, ainda se procura nele um paralelismo com a vida real”. Este espetáculo, muito lúdico e divertido, é uma provocação e um desafio a essa compreensão. Recusa-se a narrativa tradicional e regressa-se a um caminho mais livre, abstrato e fragmentado, primário mas também futurista, onde as imagens, movimentos e composições nos oferecem um universo emocional comovente e único, apenas possível no teatro e na própria arte.

Ficha técnica
A partir da obra homónima de Carlos Drummond de Andrade
Adaptação e dramaturgia: António Pires e Hugo Mestre Amaro
Encenação: António Pires
Com: Cassiano Carneiro, Chico Diaz e Rita Loureiro
Cenografia: Christine Cabrita e Luísa Gago
Figurinos: Luísa Pacheco
Música: Paulo Abelho
Desenho de luz: Rui Seabra
Movimento: Paula Careto
Caracterização: Ivan Coletti
Construção de cenário: Fábio Paulo
Mestra costureira: Rosário Balbi
Operação de luz: Jorge Oliveira
Direção de cena: Hugo Mestre Amaro, João Araújo e Rafael Fonseca
Bilheteira: Luís Mesquita
Ilustração: Joana Villaverde
Direção de produção: Ivan Coletti
Comunicação: Isabel Marques
Spot e fotografia de cena: Maria Antunes
Administração de produção: Ana Bordalo
Produtor: Alexandre Oliveira
Produção: Ar de Filmes / Teatro do Bairro
Agradecimentos: Eucanaã Ferraz, Manecos Vilanova, Paulo Vieira
M/12

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