"Tempest II", espectáculo sobre "situação desesperada" do povo maori, abre Festival alkantara


O alkantara Festival vai trazer a Lisboa, a partir de quinta-feira, 26 espectáculos, o primeiro dos quais,"Tempest II", do artista neozelandês Lemi Ponifasio, faz uma abordagem crítica sobre a "situação desesperada" do povo maori.

Em declarações à agência Lusa, Mark Deputter, director do festival, destacou este espectáculo na programação pelo seu carácter de denúncia da vida de "um povo que sofreu muito, a partir do século XVIII, após a conquista colonial do Pacífico e a opressão dos povos ilhéus".

"Tempest II" (Nova Zelândia), espectáculo de dança-teatro que estará em palco no Teatro Municipal São Luiz, tem a particularidade de ter como personagem principal o activista maori Tame Iti, que esteve recentemente preso durante alguns meses, acusado de terrorismo.

O espectáculo, parábola sobre o poder, "já foi apresentado na Nova Zelândia, onde obteve reacções muito diversas, e também em Bruxelas, onde foi muito bem recebido", apontou Mark Deputter.

Entre os destaques feitos pelo responsável do festival, surge também a obra "Chácara Paraíso", de Stefan Kaegi & Lola Arias (Suíça/Argentina), artistas que criaram uma instalação que junta o documental com a ficção, mostrando a vida pessoal e profissional de um grupo de polícias de São Paulo.

"É um olhar crítico sobre estas forças de segurança em particular, sobre o seu trabalho exigente. Trata-se de um espectáculo realmente original porque o público vai ser recebido em grupos pequenos por alguém ligado à polícia, seja um detective, a telefonista, um responsável pelo treino dos cães", descreveu.

Os artistas que criaram o espectáculo "trazem literalmente a realidade para o palco, dão voz aos próprios polícias, o que transporta uma riqueza especial ao espectáculo", salientou.

Outra proposta do festival é o espectáculo "Un an après...titre provisoire", da Companhia Nacera Belaza (Argélia/França), no qual a coreógrafa de origem argelina, mas há muitos anos a viver em Paris, junta as tradições da dança de influência árabe com a aprendizagem na Europa.

"É um espectáculo de grande beleza e que tem algo a ver com Portugal porque a coreógrafa recorreu muito ao fado como música com capacidade para nos emocionar", explicou Mark Deputter.

Até 08 de Junho, os 26 espectáculos vão decorrer em diversos espaços culturais de Lisboa, que apoiam o alkantara, um festival multidisciplinar e multicultural, dedicado às artes do espectáculo, como a dança, teatro e música, e teve a sua origem no Festival Danças na Cidade, que se centrava na dança contemporânea.

Este ano, a organização espera receber cerca de 20 mil pessoas para assistir ao festival, que também conta com a presença de artistas portugueses, entre eles Tiago Guedes, Vera Mantero, Clara Andermatt, Miguel Pereira e Patrícia Portela.

Como festival multicultural, reúne também artistas da Austrália, Índia, Turquia, Nova Zelândia, República Democrática do Congo, Bélgica, Holanda, Reino Unido, Suíça, EUA, Alemanha, Argentina, República Checa, Brasil, Líbano, França, China, Argélia e Colômbia.

Em palco serão cruzadas várias artes, desde a música, a dança, o teatro, a fotografia, o vídeo, com artistas que apresentam as suas visões em performances que vão à procura da realidade atrás das aparências, ou suscitam o debate político e social.

Além do São Luiz, os espectáculos vão distribuir-se por vários auditórios do Centro Cultural de Belém, Teatro da Politécnica, Hospital Miguel Bombarda, Palácio de Santa Catarina, Teatro Maria Matos, Museu da Electricidade, Teatro Meridional, Museu do Oriente, Castelo de São Jorge e Culturgest.
in Lusa

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