30 Anos de "A Barraca"



texto fornecido pela companhia:

1. INTRODUÇÃO
Na sequência da nossa linha teatral amplamente exemplificada no livro comemorativo dos 25 anos, o nosso trabalho continuou a pautar–se pelos mesmos princípios:
1º Entender o Teatro como reflexo interpelador do seu tempo e do seu meio;
2º Promover através do Teatro um estímulo à curiosidade e por aí um caminho para o conhecimento das Artes e Culturas especialmente da Arte e Cultura Portuguesas;
3º Promover, regularmente, o intercâmbio com outras culturas de língua portuguesa;
4º Promover a diversificação dos públicos cruzando Capital e Província, Cidade e Campo, Mestres e Aprendizes, comprometendo-se com uma Arte para Todos, e evitando assim os circuitos fechados e autofágicos em que as Artes muitas vezes se deixam cair;
5º Promover através do Teatro uma educação pelo Divertimento.
Assim, A BARRACA procura:
1º Fazer, pelo menos, um espectáculo por ano cuja montagem lhe permita itinerar e actuar em espaços pequenos, populares e pouco equipados;
2º Trazer ao Teatro públicos novos através de parcerias e protocolos com o maior número possível de instituições e estabelecimentos de ensino;
3º Fazer pelo menos um espectáculo anual com texto da dramaturgia portuguesa contemporânea ou clássica;
4º Fazer pelo menos um espectáculo anual da dramaturgia universal contemporânea ou clássica;
5º Realizar espectáculos cultos que apesar da sua erudição:
a) dêem felicidade afectiva, inteligente e lúdica, ao público
b) não o intimidem pelo hermetismo dos seus códigos
c) não o afastem da atenção que é devida ao seu tempo com as suas contradições e especificidades.
Para que haja mais público, melhor público e melhor teatro.
Nos anos não historiados, no livro comemorativo dos 25 anos, a Barraca fez:
1. Regresso a Gil Vicente com um Ciclo comemorativo dos 500 anos da estreia da sua primeira obra: “Auto da Visitação” ou “Monólogo do Vaqueiro”, estreando as seguintes obras em 2002:
- “Comédia de Rubena”
- “O Velho da Horta”
- “A Farsa de Inês Pereira”
- “O Auto das Fadas”


2. Em 2003 estreámos “ A profissão da Srª Warren” de Bernard Shaw, um clássico do inicio do século XX incidindo sobre o tema da prostituição de “luxo”. Este espectáculo assinalou também a estreia de um jovem encenador, Guilherme Mendonça;
Seguiu-se a estreia de “Os Renascentistas”, texto e encenação de Helder Costa.
Peça que estabelece uma síntese de alguns antigos espectáculos da Barraca através de uma dramaturgia que coloca em cena 5 grandes vultos do nosso século XVI – Gil Vicente, Camões, Fernão Mendes Pinto, Damião de Góis e Chiado.
Ainda neste ano estreou “A Revolta dos Bonecos” de Maria Lúcia Veiga com encenação de Rita Lello, espectáculo no âmbito de “A Barraca dos Miúdos”, a nossa unidade dedicada ao teatro para a infância.
3. Em 2004, estreia de “O Incorruptível”, texto e encenação de Helder Costa, sátira referente aos tão conhecidos e impunes crimes de “colarinho branco”. Estreou na Póvoa de Lanhoso cumprindo o nosso desejo de itinerância pelo país.
“Ser e não Ser”, investigação, textos e encenação de Maria do Céu Guerra marcou outro ponto alto da vida da Barraca. Espectáculo com a duração de 6 horas fez desfilar perante o público a História do Teatro ocidental das origens até aos nossos dias.
“A Barraca dos Miúdos” apresentou “História Breve da Lua” de António Gedeão com encenação de Gil Filipe.
4. 2005 viu a estreia de João D’ Ávila como dramaturgo com “Mater” também encenada por ele. Parábola à volta de Fernando Pessoa, a mãe e os heterónimos Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
“A Princesa do Amor de Sal”, texto e encenação de Rita Lello estreou no âmbito de
“A Barraca dos Miúdos”.
No dia 19 de Outubro estreou “O Mistério da Camioneta Fantasma”, texto e encenação de Helder Costa referente aos crimes praticados nessa data em 1921.
Esse assassinato de figuras proeminentes da I República ficou conhecido pela “Noite Sangrenta” e foi ignorado e manipulado pela ditadura Salazarista, de forma a esconder os mandatários Monárquicos desses crimes.
5. Em 2006 estreámos “Felizmente Há Luar!”, de Luís de Sttau Monteiro com encenação de Helder Costa. Texto já considerado um clássico da dramaturgia portuguesa contemporânea, refere-se à execução de Gomes Freire de Andrade e outros patriotas que se revoltavam contra a ditadura Inglesa nos anos anteriores à Revolução Liberal de 1820.
“A Barraca dos Miúdos” estreou “O Conto da Ilha Desconhecida” de José Saramago com dramaturgia e encenação de Rita Lello.
Integrado nas comemorações dos nossos 30 anos surge o último texto de Augusto Boal, “A Herança Maldita”, “boulevard macabro sobre a globalização” segundo o autor, com encenação de Helder Costa. É um feliz e afectivo reencontro com um amigo e director que trabalhou connosco nos tempos longínquos do nosso aparecimento.


2. 30 ANOS DE CRIAÇÃO TEATRAL
a) Fundação: “A Cidade Dourada”, adaptação de A BARRACA de “La ciudad dorada”do grupo La Candelária de Bogotá-Colombia.
b) Augusto Boal: “Barraca conta Tiradentes”, “Ao qu’isto chegou!”, “ Zé do Telhado”
c) Temas da História e Cultura Portuguesas: “Zé do Telhado” de Helder Costa, “D. João VI” de Helder Costa, “Fernão, Mentes?” de Helder Costa (adaptação de “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, “Um dia na capital do Império” dramaturgia de Helder Costa sobre a obra de António Ribeiro Chiado, “Um Homem é um Homem - Damião de Góis” de Helder Costa, “Diabinho da Mão Furada” de Helder Costa sobre conto setecentista por alguns atribuído a António José da Silva, “Margarida do Monte” de Marcelino Mesquita, “O Menino de sua Mãe” dramaturgia de Maria do Céu Guerra sobre as mulheres em Fernando Pessoa, “A Relíquia” de Eça de Queiroz, “Os Renascentistas” de Helder Costa, “Mater” de João D’Ávila, “O Mistério da Camioneta Fantasma” de Helder Costa, “Felizmente, há Luar!” de Luís Sttau Monteiro
d) Gil Vicente: “Histórias de Fidalgotes”, “É Menino ou Menina?”, “Uma Floresta de Enganos”, “O Pranto de Maria Parda”, Ciclo P’la Mão de Gil Vicente - “A Comédia de Rubena”, “O Velho da Horta”, “A Farsa de Inês Pereira”, “O Auto da Fadas”
e) Dario Fo: “Preto no Branco” (Morte Acidental de um Anarquista), “Que dia tão
estúpido” (Una giornata qualunque)
f) Conflitos Sociais Contemporâneos: Vários autores “Ao qu’isto chegou!” e “Tudo bem”, Brecht “Santa Joana dos Matadouros”, Fassbinder “Liberdade em Bremen”, “O Bode Expiatório”, Helder Costa “Mi Rival”, Carson McCullers e Edward Albee “Balada do Café Triste”, Fernando Augusto “Pastéis de Nata para a Avó”, Francisco Pestana “Não há nada que se coma?”, Anthony Shaffer “Xeque-Mate”, Maria do Céu Guerra “Agosto”, Charles Mac Arthur e Ben Hecht “Primeira Página”, Bernard Shaw “A Profissão da Srª Warren”, Maria Judite Carvalho “Havemos de Rir”
g) O Absurdo: Mrozeck “Os Polícias”, Swift /Helder Costa “Gulliver”, Ionesco “A Cantora Careca”, “Macbett”, “Rinoceronte”, Topor “Um Inverno debaixo da Mesa”
h) O Cómico: Woody Allen “Play it again, Sam”, Molière “O Avarento”, Helder Costa “Queres ser Ministro?”, “O Incorruptível”
i) Mitologia Contemporânea: Helder Costa e Maria do Céu Guerra “Calamity Jane”, Helder Costa “Marilyn, Meu Amor”
j) Guerras e ditaduras do século XX :
Guerra Civil de Espanha - “Viva la vida!”, Helder Costa
O Nazismo Alemão - “O Príncipe de Spandau”, Helder Costa
O Fascismo Italiano - “Um Dia Inesquecível”, Ettore Scola
O Fascismo Português - “O Baile” e “Abril em Portugal”, Helder Costa
A guerra nos Balcãs - “Parabéns a Você!”, Helder Costa
A Herança Maldita A BARRACA 2007 13
l) Dramaturgia Brasileira:
Augusto Boal/Guarnieri /A Barraca- “Barraca conta Tiradentes”, Maria Adelaide Amaral “De Braços Abertos”, Carlos Queiroz Telles /Maria do Céu Guerra “Marly - A Vampira de Ourinhos”, Josué Montello/Maria do Céu Guerra “O Último Baile do Império”, Augusto Boal “A Herança Maldita”
m) História do Teatro Universal
“Ser e não Ser” (ou estórias da História do Teatro), pesquisa, dramaturgia, e
encenação de Maria do Céu Guerra
n) A Barraca dos Miúdos
- “Nós Temos os Pés Grandes Porque Somos Muito Altas”, de Carlos Santiago
- “A Revolta dos Bonecos”, de Maria Lúcia Veiga
- “História Breve da Lua”, de António Gedeão
- “A Princesa do Amor de Sal”, de Rita Lello
- “O Conto da Ilha Desconhecida”, de José Saramago


RESUMINDO:
Neste longo período montámos textos, dramaturgias e peças de:
La Candelária (Colômbia), Virgílio Martinho, Gil Vicente, Ruzante, Dário Fo, Hélder Costa, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Bernardo Santareno, Artur Semedo, José Gomes Ferreira, Carlos Coutinho, Luís Francisco Rebello, Maria Velho da Costa, Francisco Nicholson, Fernão Mendes Pinto, Chiado, Brecht, Maria do Céu Guerra, Fernando Assis Pacheco, Mrozeck, António José da Silva, Fernando Pessoa, Marcelino Mesquita, Fassbinder, Maria Adelaide Amaral, Woody Allen, Ralph Talbot, Ionesco, Charles MacArthur e Ben Hecht, Fernando Augusto, Carlos Queiroz Telles, Pestana, Molière, Josué Montelo, César Oliveira, Anthony Shaffer, Swift, Ettore Scola, Eça de Queiroz, Carson McCullers e Edward Albee, Topor, Maria Judite Carvalho, Carlos Santiago, Maria Lúcia Veiga, Bernard Shaw, excertos de vários clássicos para “Ser e não Ser”, António Gedeão, João D’Ávila, José Saramago, Luís de Sttau Monteiro

Encenações de:
A Barraca, Helder Costa, Maria do Céu Guerra, Augusto Boal, Fernanda Lapa, Rui Luís Brás, Rita Lello, Guilherme Mendonça, Gil Filipe, João D’Ávila

Músicas e poemas de:
José Carlos Ary dos Santos, Samuel, José Manuel Osório, Fernando Tordo, Luís Pedro Faro, Carlos Alberto Moniz, Maria do Amparo, Sérgio Godinho, Júlio Pereira, Fernando Lopes Graça, José Afonso, Vitorino, Orlando Costa, Fausto, António Victorino de Almeida, António Cardoso, Janita Salomé, José Mário Branco, Carlos Moisés, Laurent Filipe, João Maria Pinto, Carlos Veiga, Alberto Fernandes, Michel, José Pato

Cenografias, Adereços, Figurinos e Grafismo de:
Mário Alberto, Nuno Carinhas, José Froufe, João Brites, Rui Pimentel, João Paulo Bessa, Jasmim, Jorge Sacadura, José Carretas, Maria do Céu Guerra, Francisco Pereira, Carlos Martins Pereira, Carlos Ramalho, António Belart, José Manuel Costa Reis, Victor Sá Machado, António, Norberto Barroca, Mário Dias Garcia, Nuno Alão, Miguel Figueiredo, Maria Gonzaga, Luís Thomar, José Manuel Castanheira, Mário Dias, Sónia Benite, Sandra Pereira, Manoel Ribeiro, Victor Belém, Pedro Massano, Susana Marques, Bárbara Gonzalez Feio

Actores e técnicos
São muitas dezenas os que passaram pela BARRACA. Hoje podemos constatar com alegria que muitos construíram belas carreiras e alguns fundaram grupos que continuam a espalhar e reproduzir o nosso projecto artístico e cultural. Desde a primeira hora a actriz Maria do Céu Guerra ligou a sua à carreira da Companhia, fazendo parte do elenco da maioria dos espectáculos.

CONTACTOS
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Fax: 213955845
e-mail: barraca@mail.telepac.pt
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