Diogo Infante renova contrato como diretor artístico do Teatro da Trindade


O ator e encenador Diogo Infante vai manter-se como diretor artístico do Teatro da Trindade por, pelo menos, mais três anos, anunciou hoje a Fundação Inatel, num comunicado enviado à agência Lusa.

"Diogo Infante tem dado corpo ao projeto de colocar este espaço no centro da intervenção cultural, sobretudo na área do teatro, na Cidade de Lisboa e do País. Este projeto tem-se traduzido em significativos sucessos de adesão do público e da critica, alicerçados em textos de autor reconhecidos ou inovadores, e na conciliação de nomes consagrados com novas gerações emergentes", lê-se no comunicado da Fundação Inatel, que gere o Teatro da Trindade, no qual é anunciada a "renovação, por mais três anos, de Diogo Infante como diretor artístico" daquele equipamento.

A fundação salienta que, "mesmo em tempos de Pandemia, o Teatro da Trindade tem resistido, e com essa resistência ajuda e simboliza a capacidade e a vontade da Fundação e da cultura portuguesa não se deixar vencer pelos tempos pandémicos".

Diogo Infante assumiu a direção artística do Teatro da Trindade no final de 2017, substituindo a atual presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros.

No comunicado, a Fundação Inatel destaca o "empenho, o envolvimento, a assertividade qualitativa e a capacidade permanente de inovação que [Diogo Infante] tem associado nestes três anos de trabalho conjunto".

Atualmente, no Trindade, Diogo Infante assume também o papel de ator, na peça "Ricardo III", de William Shakespeare, com encenação de Marco Medeiros, na qual dá corpo à personagem principal.

Para Diogo Infante, esta peça é "um grito de resistência".

"Todos estes momentos que estamos a viver, e que ao mesmo tempo põem a nu uma crónica fragilidade de uma classe pouco valorizada neste país, levantam a necessidade de um debate urgente sobre uma realidade que é gritante num país que, apesar de pequeno, tem de tratar melhor os seus artistas", sublinhou à Lusa, em novembro, dias antes da estreia.

A peça deveria ter-se estreado em abril e acabou por ficar suspensa durante seis meses na sequência do primeiro estado de emergência decretado pelo Governo em março para contenção da pandemia de covid-19.

"O que torna este Ricardo tão especial e único é o facto dele fazer do público seu cúmplice, sua testemunha. Ele fala muito e diretamente para as pessoas", explicou Diogo Infante.

Poder partilhá-lo neste momento que Portugal(e o mundo) atravessa é, para o ator, uma afirmação: "Mostrar que estamos aqui, que estamos vivos, que estamos na luta e não desistimos daquilo que amamos e fazemos, e sabemos fazer".

"Porque é muito importante não ceder ao medo, e à inércia e à paralisação", sublinhou.

"Ricardo III", em cena até 31 de janeiro, tem espetáculos de quarta-feira a sábado, às 20:30.

Nos dias 23, 24, 25, 30 e 31 de dezembro não haverá espetáculos, tal como no dia 01 de janeiro de 2021.

Diogo Infante, 53 anos, cresceu no Algarve e iniciou a sua vida profissional como guia intérprete, tendo a sua estreia como ator acontecido em 1988 no Teatro Nacional D. Maria II, na peça "As sabichonas", de Molière, um ano após ter ingressado na Escola Superior de Teatro e Cinema.

Até 1991, quando concluiu o curso de ator, participou em várias peças dirigido por encenadores como Ruy Matos e manteve uma atividade regular em palco nas décadas seguintes, destacando-se as participações em "A dúvida", de John Patrick Shanley, encenado por Ana Luísa Guimarães, e "Hamlet", de Shakespeare, encenado por João Mota.

No Teatro da Trindade, em 1992, dirigiu "O amante", de Harold Pinter. No mesmo ano estreou-se no cinema, em "Nuvem", de Ana Luísa Guimarães, desempenho que lhe valeu um Se7e de Ouro.

Recebeu Globos de Ouro/SIC para o Melhor Actor do Ano em 1996 e 1998, recebeu o Prémio Nações Unidas, em 1995, e o de Melhor Ator do Festival de Gramado, em 1999, pelo desempenho em "A sombra dos abutres" de Leonel Vieira. Em 1999, foi ano da sua promoção como "Shooting Star" pela European Film Promotion.

O ator e encenador foi diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, de dezembro de 2008 a novembro de 2011, altura em que foi suspenso de funções pelo então secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, depois de ter suspendido a programação para 2012, por causa das medidas de austeridade do Governo. Antes, dirigira o Teatro Maria Matos, de 2006 a 2008.

Tem trabalhado com regularidade na televisão, quer como ator em novelas e séries, quer como apresentador de concursos ou documentários.

Comments