"A Morte de um Comediante" em cena até 17 de Março


O mundo do espetáculo e a vertigem do ator até à fama são o pano de fundo "A morte de um comediante" que a companhia Assédio Teatro estreou na Sala de Bolso, no Porto.

Estêvão é um ator de ´stand-up comedy' que trabalha os argumentos dos espetáculos com a namorada, Magui. Habituado a trabalhar em salas de café-concerto modestas, Estêvão acaba por se deixar seduzir por uma ideia de sucesso através de um agente que se propõe representá-lo.

No entanto, à medida que aumenta o público que assiste aos espetáculos o agente também pressiona Estêvão para ser menos genuíno no humor utilizado acabando, igualmente, por fazer com que este se afaste da namorada.

Estêvão acaba assim por preterir o seu humor corrosivo e a sua combatividade como ator em função de um "humor mais liso e consensual".

"Uma comédia negra sobre os atores e o mundo deles, mas não só", foi como o encenador João Cardoso definiu a peça à agência Lusa.

Escrita pelo dramaturgo norte irlandês Owen McCafferty -- nascido em 1961 -- "A morte de um comediante" é, segundo o encenador da peça, uma estreia em Portugal

"Tanto quanto sei, nunca foi representado nada deste autor em Portugal, pelo que é uma estreia nacional", argumentou.

"É uma questão que não diz apenas respeito ao mundo dos atores e que se aplica a toda a sociedade, de uma forma mais ou menos consciente, com maior ou menor força, porque há sempre pressões sociais que acabam por obrigar os seres humanos a fazer cedências", frisou João Cardoso, invocando ter sido este também um dos motivos que motivou a companhia que comemorou 20 anos em 2018 a sentir-se atraída por este texto do dramaturgo irlandês.

Além disso, este texto "põe um bocadinho em causa as vias para se atingir o sucesso", enfatizou.

Como a sala onde trabalham é uma sala pequena -- a lotação é de 40 lugares -- também esta peça foi dirigida no sentido de primar pela "grande intimidade com o público", referiu.

"É um espetáculo alicerçado na verdade do ator, um trabalho sem rede, sem artifícios e com uma crueza boa de se ver e se sentir", disse.

A interpretar a peça vão estar Diana Sá, Paulo Freixinho e Pedro Galiza.

A tradução do texto é de Constança Carvalho Homem enquanto a cenografia e figurinos são de Sissa Afonso.

A peça vai estar em cena até 17 de março e pode ser vista às quintas-feiras, sextas e aos domingos, às 21:00, e aos sábados às 19:00.


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