A nova peça de Tiago Rodrigues apresenta-nos uma menina alta de nove anos, cuja mãe lhe chamava Girafa, que gosta de palavras novas e tenta entender um mundo em que o desemprego do pai a deixou sem Discovery Channel.
Chama-se "Tristeza e Alegria na Vida das Girafas" a peça que se estreia quinta-feira no grande auditório da Culturgest, em Lisboa, e é esse também o título do trabalho que a menina (Carla Galvão) tem de fazer para a escola, razão pela qual precisava de ver o Discovery Channel, que passa documentários sobre a vida animal.
Na ausência da mãe, que era violinista e escritora e morreu, o desemprego do pai (Miguel Borges), que é ator, exaspera-a porque a impede de ver o seu canal preferido, o que a faz revoltar-se e fugir com o seu urso de peluche que, apesar da voz grossa e dos palavrões que diz de rajada de cada vez que os adultos não estão por perto, se chama Judy Garland (Tonán Quito), nome que ele obviamente detesta.
Texto e encenação Tiago Rodrigues Intérpretes Carla Galvão, Miguel Borges, Pedro Gil e Tónan Quito Música e sonoplastia ALX Cenário e figurinos Magda Bizarro e Tiago Rodrigues Luz e apoio técnico André Calado Figurino Urso Sandra Neves Imagem do cartaz Afonso Cruz Participação especial Beatriz Bizarro Rodrigues Produção executiva Ana Pereira e Magda Bizarro Produção Mundo Perfeito & AnaPereira.PedroGil Co-produção Mundo Perfeito, AnaPereira.PedroGil, Culturgest e TAGV
Tristeza e Alegria na Vida das Girafas é a história duma menina de 9 anos que atravessa a cidade de Lisboa em busca da única pessoa que pode ajudá-la: o primeiro ministro Pedro Passos Coelho.
Neste espectáculo, Tiago Rodrigues volta a usar o teatro para tentar interferir com a nossa percepção da realidade social e política, mas também do próprio teatro. E fá-lo através da voz de uma criança que apresenta um trabalho escolar e empreende a tarefa enciclopédica de tentar explicar o mundo.
Desse estranho mundo chamado Lisboa fazem parte a crise económica, a aventura heróica de um urso de peluche com tendências suicidas chamado Judy Garland, o Discovery Channel, uma violinista que já é só uma fotografia, um pantera negra, o dicionário escolar da editorial Sampaio, o cientista búlgaro ou dramaturgo russo Anton Tchekhov e uma menina alta demais para a sua idade a quem a mãe chamava girafa.
Mergulhado nas trevas esperançosas do imaginário infantil, este espectáculo tem medo do que as crianças pensam e raiva do que os adultos fazem.
O Mundo Perfeito destaca-se pelo trabalho no campo da nova dramaturgia e pelo espírito de colaboração com artistas nacionais e internacionais, tendo apresentado os seus espectáculos em diversos países. Entre os mais recentes contam-se The Jew (com os holandeses Dood Paard), Hotel Lutécia e Se uma Janela se Abrisse. Na Culturgest apresentou em 2007 Duas Metades; Tiago Rodrigues escreveu Coro dos Maus Alunos para os PANOS 2009. AnaPereira.PedroGil interessam-se por novas formas de escrever para a cena, privilegiando processos de co-criação, transdisciplinares e de experimentação. Das suas criações destacam-se Homem-Legenda, Centro de Dia e Mona Lisa Show.
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