"Agosto Azul" em Portimão com 170 figurantes de todas as idades. Cento e setenta pessoas de todas as idades apresentam em Portimão o espectáculo de teatro coletivo "Agosto Azul", que revela a obra homónima de Manuel Teixeira Gomes. O espectáculo pode ser visto hoje e amanhã (21 e 22 de Agosto), a partir das 22h00, na Praça 1º de Maio, em Portimão.
A peça, adaptada daquela obra do "escritor presidente", tem como cenário natural o edifício dos Paços do Concelho de Portimão, na Praça 1º de Maio, onde atores de diferentes gerações se unem numa criação coletiva.
Os atores, músicos, bailarinos e figurantes - o participante mais novo tem 4 anos e o mais velho 87 -, fazem a ponte entre episódios da vida do escritor e o quotidiana de Portimão na atualidade, explicou à Lusa o responsável pelo projeto.
"Embora a direção seja minha, este espetáculo resulta de uma criação coletiva", conta João Correia, que colheu depoimentos de portimonenses para compor o texto, misturando histórias de Teixeira Gomes com relatos da comunidade viva.
"Enquanto fazemos alegorias à vida do escritor, vamos também contando a história das pessoas que estão em cima do palco e da vida atual da cidade", explica, sublinhando que o espetáculo resulta da "sinergia entre 170 pessoas".
Para tal, a produção do espetáculo, a cargo da associação Pele, com sede no Porto, lançou um concurso que desafiava os portimonenses a escrever cartas (o livro "Agosto Azul" inclui a publicação de cartas) onde descrevessem a cidade e a sua cultura.
A criação - em que participam desde pescadores profissionais a professores, estudantes ou funcionários públicos -, alia o teatro à música e à dança, com a participação de um rancho folclórico, bailarinas clássicas e de uma sociedade filarmónica.
Sons típicos como o do corridinho algarvio, mais clássicos como o de uma sinfonia de Beethoven (o compositor preferido de Teixeira Gomes) ou mesmo provenientes de um coro que fará sonoplastia ao vivo, compõem as cenas do espetáculo.
A iniciativa insere-se nas comemorações dos 150 anos do nascimento de Teixeira Gomes, o sétimo Presidente da República portuguesa, nascido em Portimão em 1860.
O cargo duraria poucos anos, pois o "escritor presidente" renunciou ao mandato para se dedicar à literatura, vindo mais tarde a auto-exilar-se na Argélia, onde morreu em 1941.
O projeto de arte comunitária "Agosto Azul" arrancou em março, congregando grupos de teatro já existentes na comunidade e um novo grupo inter-geracional que juntou seniores de vários centros de dia com jovens e adultos.
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