Henriqueta Emília da Conceição é a personagem criada por Mário Cláudio, que empresta o nome ao texto e à volta da qual se passa a acção. Prostituta que se destaca num botequim de finais do século XIX criado pelo autor, exímia na arte de seduzir, com uma técnica imparável para o saque, solitária e ausente de valores afectivos, tem na sua carteira de clientes os homens mais conceituados entre os boémios que procuram os prazeres do sexo. Sem grandes objectivos, as suas convicções sofrem uma reviravolta quando conhece Teresa, jovem debilitada pela tuberculose. Encontra a compaixão, generosidade e amor, transportando-nos quando nada o previa, de um ambiente de solidão e ausência de valores, para a ternura e a grandeza do amor. “ E não será o amor, que uns aos outros nos devemos, o mais importante, entre todos os deveres?”. O texto apresenta-nos uma sociedade nocturna boémia do final do século XIX onde prevalece a “precariedade dos afectos humanos”, patologia social ainda presente e/ou intensificada no nosso século XXI.
João Ferrador
Mário Cláudio
autor
"é um dos melhores e mais escorreitos prosadores portugueses “ Vasco Graça Moura Pseudónimo de escritor de origem portuense, nascido em 1941 , cujo nome é Rui Manuel Pinto Barbot Costa, licenciou-se em Direito e tem desenvolvido a sua escrita a vários níveis tendo feito um trabalho exemplar em obras de ficção,poesia, teatro e ensaio. Ganhou o prémio APE de Romance e Novela em 1984 com a obra Amadeo e tem exercido funções como técnico do Museu Nacional de Literatura e como professor universitário .Foi galardoado com o Prémio Pessoa em 2004 e com o Prémio Vergílio Ferreira em 2008.O seu trabalho a nível dramatúrgico destaca-se em Noites de Anto (1988),A ilha de Oriente (1989),Henriqueta Emília da Conceição (1997) e O Estranho Caso do Trapezista Azul (1998) , Medeia (2008).
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