O "inventor" de uma agência de epitáfios e elogios fúnebres, a namorada e um ex-polícia que abre correspondência alheia protagonizam a peça do dramaturgo francês Michel Simonot que a Companhia de Teatro de Almada estreou quarta-feira.
Chama-se "O Vendedor de Elogios" e Michel Simonot escreveu há cerca de 10 anos este enredo policial em que brinca com as palavras, com o propósito de ser ele mesmo a encená-lo. Subirá ao palco da sala experimental do Teatro Municipal de Almada.
"Nos textos que escrevi para encenar, e que foram vários, tive sempre a preocupação da realidade e das palavras que transformam a realidade: como é que se pode sonhar, fazer arte, com o imaginário, ou falsificá-lo", indicou o autor.
Leslie - interpretado por Bernardo Almeida - é o "chico-esperto" que reescreve por encomenda as vidas dos mortos, na agência "A Pomba", cuja mensagem no gravador é: "Por favor, deixe mensagem. A nossa ausência não é eterna".
Carteiro (Alberto Quaresma) é o ex-polícia que abre cartas de outras pessoas com o vapor que sai de uma chaleira ao lume, lê as cartas ao microfone, regista-as num gravador de bobines e depois fotocopia-as e arruma-as num armário, dizendo: "Os meus clientes não sabem que são meus clientes".
Miss Oona (Andresa Soares), a namorada do "Vendedor de Elogios", é empregada do bar de uma estação de comboios e entretém-se com as histórias de Leslie e Carteiro, a quem acusa de ser "um ladrão de cartas, um larápio de memórias". Ele responde: "Eu não roubo, desvio. Sou apenas uma etapa entre o autor e o destinatário".
Em cima da mesa do autor e encenador, encontram-se dois dicionários, de Português-Francês e Francês-Português, e Michel Simonot admite à Lusa que uma das dificuldades foi transpor o texto para outra língua quando, no francês original, há palavras que têm "dois, três ou mais sentidos".
"Ao traduzir para português, isso perdeu-se. Tivemos de optar por um dos sentidos", explicou, acrescentando que acabou de fazer a tradução da peça em conjunto com os três actores que a interpretam, por causa do ritmo, da cadência e da sonoridade das palavras, aspectos a que atribui muita importância.
Com cenografia de Jean-Guy Lecat, "O Vendedor de Elogios" estará em cena até 10 de Maio, de quarta a sexta-feira às 21:30 e domingo às 16:00.
Na sequência deste espectáculo, o Teatro Municipal de Almada apresenta a 18 de Abril, pelas 17:00, mais uma das "Conversas de Sábado", com o crítico de teatro francês Jean-Pierre Han, que passará em revista a situação artística e institucional do teatro que hoje se faz em França.
Lusa/fim
Chama-se "O Vendedor de Elogios" e Michel Simonot escreveu há cerca de 10 anos este enredo policial em que brinca com as palavras, com o propósito de ser ele mesmo a encená-lo. Subirá ao palco da sala experimental do Teatro Municipal de Almada.
"Nos textos que escrevi para encenar, e que foram vários, tive sempre a preocupação da realidade e das palavras que transformam a realidade: como é que se pode sonhar, fazer arte, com o imaginário, ou falsificá-lo", indicou o autor.
Leslie - interpretado por Bernardo Almeida - é o "chico-esperto" que reescreve por encomenda as vidas dos mortos, na agência "A Pomba", cuja mensagem no gravador é: "Por favor, deixe mensagem. A nossa ausência não é eterna".
Carteiro (Alberto Quaresma) é o ex-polícia que abre cartas de outras pessoas com o vapor que sai de uma chaleira ao lume, lê as cartas ao microfone, regista-as num gravador de bobines e depois fotocopia-as e arruma-as num armário, dizendo: "Os meus clientes não sabem que são meus clientes".
Miss Oona (Andresa Soares), a namorada do "Vendedor de Elogios", é empregada do bar de uma estação de comboios e entretém-se com as histórias de Leslie e Carteiro, a quem acusa de ser "um ladrão de cartas, um larápio de memórias". Ele responde: "Eu não roubo, desvio. Sou apenas uma etapa entre o autor e o destinatário".
Em cima da mesa do autor e encenador, encontram-se dois dicionários, de Português-Francês e Francês-Português, e Michel Simonot admite à Lusa que uma das dificuldades foi transpor o texto para outra língua quando, no francês original, há palavras que têm "dois, três ou mais sentidos".
"Ao traduzir para português, isso perdeu-se. Tivemos de optar por um dos sentidos", explicou, acrescentando que acabou de fazer a tradução da peça em conjunto com os três actores que a interpretam, por causa do ritmo, da cadência e da sonoridade das palavras, aspectos a que atribui muita importância.
Com cenografia de Jean-Guy Lecat, "O Vendedor de Elogios" estará em cena até 10 de Maio, de quarta a sexta-feira às 21:30 e domingo às 16:00.
Na sequência deste espectáculo, o Teatro Municipal de Almada apresenta a 18 de Abril, pelas 17:00, mais uma das "Conversas de Sábado", com o crítico de teatro francês Jean-Pierre Han, que passará em revista a situação artística e institucional do teatro que hoje se faz em França.
Lusa/fim
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