Nascemos, crescemos e queremos ser boas pessoas. Fazer o bem. Depois, à medida que o tempo passa, percebemos que isso não é possível. A vida não é assim", diz João Lourenço sobre a peça ‘Imaculados’, que hoje (22 de Novembro) estreia ao público no Teatro Aberto, em Lisboa, às 21h30, e oferece ao espectador um desfile das dores do Mundo contemporâneo.
O texto da alemã Dea Loher – que o encenador diz estar a ser montado com êxito em toda a Europa – é um retrato bastante fiel da sociedade em que vivemos e das pessoas descrentes, desesperadas e sem fé num futuro melhor.
Com um elenco invulgarmente grande (14 actores), onde se destacam Ana Brandão, Ana Nave, Cátia Ribeiro, Francisco Pestana ou Irene Cruz, a peça estrutura-se como uma sequência de cenas muito curtas e é exemplo de teatro épico, pois importa menos a narrativa do que a ilustração de casos humanos que têm em comum a solidão e a ineficácia dos gestos de compaixão.
Não há protagonistas. Todas as personagens têm um resquício de humanidade e um desejo de ajudar o semelhante. Ou uma grande necessidade de serem ajudadas. Mas revelam-se impotentes. Ninguém consegue ajudar ninguém, ninguém é ajudado.
A haver um tema que domine tudo isto, é a ausência de Deus – substituído pelo dinheiro – e a hipótese do suicídio como vislumbre de última solução. João Lourenço diz que o texto pretende fazer o espectador reflectir. "Julgamo-nos humanos, mas estamos longe de lá ter chegado. A autora do texto acredita que estamos todos ligados uns aos outros, e é verdade. Então, porque continuamos a fazer tanto mal uns aos outros?"
Recorrendo ao vídeo e à música, a peça não é isenta de humor e além das interpretações empenhadas surpreende pelo dispositivo cénico (António Casimiro e João Lourenço): uma espécie de portão gigantesco que se abre e fecha para cada cena, revelando um espaço novo. Para ver de quarta a sábado, às 21h30.
Ana Maria Ribeiro in Correio da Manhã
O texto da alemã Dea Loher – que o encenador diz estar a ser montado com êxito em toda a Europa – é um retrato bastante fiel da sociedade em que vivemos e das pessoas descrentes, desesperadas e sem fé num futuro melhor.
Com um elenco invulgarmente grande (14 actores), onde se destacam Ana Brandão, Ana Nave, Cátia Ribeiro, Francisco Pestana ou Irene Cruz, a peça estrutura-se como uma sequência de cenas muito curtas e é exemplo de teatro épico, pois importa menos a narrativa do que a ilustração de casos humanos que têm em comum a solidão e a ineficácia dos gestos de compaixão.
Não há protagonistas. Todas as personagens têm um resquício de humanidade e um desejo de ajudar o semelhante. Ou uma grande necessidade de serem ajudadas. Mas revelam-se impotentes. Ninguém consegue ajudar ninguém, ninguém é ajudado.
A haver um tema que domine tudo isto, é a ausência de Deus – substituído pelo dinheiro – e a hipótese do suicídio como vislumbre de última solução. João Lourenço diz que o texto pretende fazer o espectador reflectir. "Julgamo-nos humanos, mas estamos longe de lá ter chegado. A autora do texto acredita que estamos todos ligados uns aos outros, e é verdade. Então, porque continuamos a fazer tanto mal uns aos outros?"
Recorrendo ao vídeo e à música, a peça não é isenta de humor e além das interpretações empenhadas surpreende pelo dispositivo cénico (António Casimiro e João Lourenço): uma espécie de portão gigantesco que se abre e fecha para cada cena, revelando um espaço novo. Para ver de quarta a sábado, às 21h30.
Ana Maria Ribeiro in Correio da Manhã
Foto de Expresso
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