ORESTÉIA – O CANTO DO BODE
a partir da trilogia de Ésquilo
encenação Marco Antônio Rodrigues
13 A 17 JUN
22h
PALÁCIO DA INDEPENDÊNCIA
O Teatro Nacional orgulha-se de receber, no Palácio da Independência e em parceria com o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, o espectáculo com que a companhia brasileira Folias d’Arte, de Marco Antônio Rodrigues, celebra o seu 10º aniversário. Trata-se de uma leitura inovadora da “Oresteia”, trilogia composta pelas peças “Agamémnon”, “Coéforas” e “Euménides” com que Ésquilo retomou a história de Orestes, o homem a quem os deuses determinaram que vingaria a morte do pai matando a própria mãe.
Dois anos depois de ter apresentado, na MITE’06, uma leitura idiossincrática da tragédia shakespeariana “Otelo”, Marco Antônio relê esta história clássica transpondo-a para o universo da contemporaneidade latino-americana. Ao longo de três horas, o encenador brasileiro propõe-nos olharmos para o mito antigo com olhos modernos, e questionarmos, inclusivamente, as convenções literárias da peça.
Sinopse
A “Oresteia” inicia-se com o crime de Agamémnon, filho de Atreu e irmão de Menelau que, para respeitar as previsões do Oráculo, se dispõe a sacrificar a filha, Ifigénia, para que os Gregos possam ganhar a Guerra de Tróia. Ao regressar à Pátria, aguarda-o a vingança da mulher: com a ajuda do amante, Egisto, Clitemnestra mata o marido quando este está desprotegido, no banho.
Caberá então aos irmãos de Ifigénia, Orestes e Electra, arquitectarem um plano para punir o crime da mãe e vingar o pai, assassinado cobardemente.
O derramamento de sangue na família é inevitável e só os deuses, numa intervenção final, conseguirão parar a sucessão de vinganças, salvando Orestes in extremis.
Na sua leitura do clássico, Marco Antônio Rodrigues levanta a questão: "O que é uma tragédia? É uma estrutura de impedimento colectivo. Existe um impedimento colectivo. Qual é o dos gregos, qual é o nosso? O que havia no céu deles? O Olimpo, Zeus. O nosso está cheio de antenas parabólicas, de satélites. Que são deuses também. São intransponíveis. Essa é a tragédia".
dramaturgia de Reinaldo Maia
direcção musical Dagoberto Feliz
cenografia Ulisses Cohn
coreografia Joana Mattel
figurinos Atílio Belice Vaz
desenho de luz Carlos Gaúcho
vídeo Osmar Guerra
produção Folias d’Arte
com ATÍLIO BELINE VAZ BIRA NOGUEIRA BRUNA BRESSANI
CARLOS FRANCISCO DAGOBERTO FELIZ DANILO GRANGHEIA
FLÁVIO TOLEZANI GISELE VALERI NANI DE OLIVEIRA
PALOMA GALASSO PATRÍCIA BARROS ZECA RODRIGUES
Marco Antônio Rodrigues
Marco Antônio Rodrigues (n. 1955), director e artista identificado com um teatro de cunho popular e brechtiano, é um dos fundadores do grupo Folias d'Arte e do teatro Galpão do Folias. Formou-se em Psicologia, em Santos (Brasil), onde se inicia no teatro amador, e estreia-se profissionalmente em São Paulo com a direcção de “O Menino Maluquinho”, a partir do texto infantil de Ziraldo, em 1984. Tem encenado textos de Carlos Drummond de Andrade, Jérôme Savary, César Vieira, Rodolfo Santana, Reinaldo Maio, Chico de Assis, Bertolt Brecht, William Shakespeare, entre outros. Em 1991, ganha o Prémio Molière na categoria especial de melhor direcção por “Enq, o Gnomo”, de Marcos de Abreu e, em 1996 e 1997, recebe o Prémio Mambembe. Em 1998, funda, com outros artistas, o grupo Folias d'Arte, um novo ponto de referência na geografia cultural da cidade. Em 2001, montou o célebre texto de Michael Frayn, “Copenhagen”, e “Babilónia”, de Reinaldo Maia. Depois de ter apresentado, na MITE’06, “Otelo”, de William Shakespeare, Marco Antônio regressa a Portugal com uma encenação da clássica trilogia de Ésquilo, “Oresteia”, com dramaturgia de Reinaldo Maia.
Folias d’Arte
O núcleo fundador do grupo de teatro Folias d'Arte teve início em 1995 quando um pequeno grupo de pessoas, entre eles a actriz Renata Zhaneta, o dramaturgo Reinaldo Maia e o encenador Marco Antônio Rodrigues, estrearam o espectáculo “Verás que Tudo é Mentira”, adaptação livre de Reinaldo Maia do livro de Théophile Gautier. A partir da montagem, em 1996, de “Cantos Peregrinos”, de José Antônio de Souza, em 1996, o grupo sentiu necessidade de se estruturar fisicamente. Em 1998, esse grupo de pessoas assume-se como uma companhia e surge o Folias D'Arte. Num galpão abandonado, no Bairro de Santa Cecília, São Paulo, também conhecido como Bairro do Bexiga, a companhia conquistou o espaço para construir sua sede e, em Abril de 2000, inaugurou o Galpão do Folias, com a assinatura do cenógrafo J.C. Serroni. A companhia é hoje constituída por mais de sessenta pessoas, assumindo-se como uma das mais importantes escolas de formação de actores e de intervenção social, pela forma como interfere directamente no imaginário dos cidadãos. Assumindo-se como um equipamento público, o Folias d’Arte vincula, já com ecos um pouco por toda a Europa, a cidade de São Paulo com o movimento teatral que tem lugar em salas de espectáculo, mas também nas ruas, albergues, no circo, em praças ou espaços públicos. A fixação de grupos e colectivos teatrais nos seus respectivos espaços, fomentando a excelência da produção contemporânea, têm sido dois dos objectivos deste grupo de teatro que tem marcado presença em festivais e circuitos cénicos internacionais de prestígio.
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