A preservação do Jardim Botânico depende da altura das construções que vierem a ser feitas no Parque Mayer e da manutenção de zonas tampão entre o Jardim e a zona envolvente. Segundo o documento enviado por António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa para a Câmara de Lisboa, as obras para a requalificação deste espaço não podem ultrapassar a cota do muro do Jardim.
O documento diz que nenhuma construção pode ter “uma altura que ultrapasse significativamente a cota do muro do Jardim, uma vez que isso modificaria a circulação das massas de ar e, a longo prazo, poderia alterar os nichos ecológicos”.
Para a Universidade é fundamental haver um estudo prévio do impacto permanente das intervenções a serem feitas assim como das obras. A instituição exige o estudo da “circulação hídrica, solidez e estabilidade dos terrenos e escorrência natural das águas das chuvas, fluxos de águas contaminadas e poluição atmosférica decorrente de alterações permanentes, ruído ou vibrações directamente transmitidas no solo, poluição térmica, circulação aérea, modificação do regime de ventos e fluxos locais de ar, fluxos de radiação luminosa".
Para o reitor é importante manter-se um acesso condicionado ao Jardim Botânico que obedeça a um horário de abertura ao público e a procedimentos de segurança. No entanto, “uma vez garantidas a segurança, nada impede que o Jardim Botânico melhore a acessibilidade e a frequência de público”, diz o documento que relembra que antes do incêndio de 1978 o jardim era muito frequentado.
Seis edifícios intocáveis
O vereador do Urbanismo na Câmara de Lisboa, Manuel Salgado (PS), anunciou no final de Abril que a Universidade elaboraria um documento identificando os "elementos intocáveis" do Jardim Botânico e dos Museus da Politécnica a respeitar no plano de pormenor que será elaborado para aquela zona.
No documento, a Universidade aponta seis edifícios do Jardim Botânico “intocáveis” na requalificação da zona: a sede dos Museus da Politécnica, o picadeiro, o Observatório Astronómico e o Edifício da Matemática, o herbário e a sala do conselho. O documento refere a importância da recuperação destes edifícios para uma melhor utilização dos espaços quer a nível museológico quer a nível científico
Ficam "duas áreas possíveis de intervenção para fins culturais, recreativos ou comerciais", a Alameda Sul onde se situa a cantina que alberga o grupo de teatro da Politécnica e a Alameda Norte e os espaços que ficam junto ao picadeiro.
O documento aponta que a sustentabilidade do Jardim e da utilização dos espaços depende de acessos mais fáceis e de um parque de estacionamento. Segundo os primeiros estudos de geologia e geotecnia não há “consequências negativas da construção de caves e estacionamento nas zonas da Alameda Sul e da Alameda Norte, nas quais estão previstas as principais intervenções".
Universidade lamenta degradação dos edifícios da Politécnica
A Universidade acredita que o concurso de ideias promovido pela Câmara para o Parque Mayer, Jardim Botânico e Edifícios da Politécnica é uma “nova oportunidade para a “reabilitação do espaço da Politécnica”. No entanto defende que é imprescindível um compromisso do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Para a Universidade é inaceitável a degradação em que se encontram os edifícios do espaço da Politécnica. Mas recusa "qualquer projecto que não tenha como matriz a valorização pública do espaço e o correspondente reforço da sua missão universitária, museológica, científica e cultural".
No documento, a reitoria aponta como perigo maior a usurpação deste espaço para “fins privados, desrespeitando um património único e o que ele representa para a cidade e para o país". Mas está determinada em combater as inércias e os argumentos internos e externos que não deixam melhorar a situação do espaço.
Segundo o vereador Manuel Salgado, no final de Agosto o programa está estabelecido e pode ser aberto para um "novo período de debate público", após o qual serão apresentadas novas propostas por parte das cinco equipas de arquitectos.
in LUSA
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