Depois do 25 de Abril de 1974, Sérgio Godinho, então no Canadá, planeava já o regresso a Portugal para a gravação do seu terceiro álbum, À Queima-Roupa. No entanto, o retorno seria precipitado não pela música mas pelo teatro. Ao lado de Maria do Céu Guerra e João Perry, interpretou Liberdade, Liberdade no Teatro Villaret. À noite subia ao palco e durante o dia gravava as novas canções. Hoje é o cantor e compositor que continua a encontrar no teatro "outra forma de fazer crescer uma personagem". Regressa aos palcos amanhã, em Onde Vamos Morar, encenação de Jorge Silva Melo sobre texto de José Maria Vieira Mendes.
Não figurava como actor num cartaz de teatro desde 1989, ano de Quem Pode Pode, de David Mamet (encenada por João Canijo), no Politeama. "Porque o tempo nem sempre o permite ou porque as propostas podem não ser as mais sedutoras", conta ao DN. Mas "as leituras pessoais que cada papel permite" são sempre sedutoras" e garantem a Sérgio Godinho a continuidade de uma relação "única" com o palco, descoberta ainda nos tempos de estudante de Economia.
"Foram três anos de pouco estudo mas de descoberta pessoal", recorda. No Teatro da Universidade do Porto iniciou um percurso que haveria de desdobrar entre "o teatro profissional e o amadorismo". Isto antes de Sérgio Godinho rumar até Paris. "Depois de audições difíceis entrei para o elenco do musical Hair, em 1967 ", lembra. O encontro entre a representação e a música deu-lhe "traquejo", diz-nos, trazendo também elementos que ainda hoje procura reflectir nos palcos quando a função é a de músico: "São elementos subtis e subliminares mas estão sempre presentes."
Em 1971, Sérgio Godinho faz parte da companhia Living Theatre. Em Ouro Preto, no Brasil, "todo o grupo foi preso no primeiro dia de um festival". Viviam-se tempos de ditadura militar e a Living Theatre tinha o rótulo de "nome incómodo" para a realidade do país. Já no Canadá, onde residiu entre 1972 e 1974, acompanhou a Genesis Company Theatre, antes do regresso a Portugal, onde continuaria a estabelecer o "diálogo possível" entre as exigências do percurso musical e o teatro que nunca abandonou. "Ver de perto o que é uma peça, como funciona, quais os parâmetros que regem a sua construção são elementos que fui descobrindo e que me despertaram para outras realidades, mesmo na minha composição."
Hoje, assume que não é "consumidor exaustivo de teatro, também porque não o posso ser". Mas tem a visão necessária para lhe garantir o reconhecimento de "gerações novas, tanto de actores como de encenadores, de enorme valor. E é visível uma assumida vontade de trabalhar, de praticar o teatro." Tal como gosta de afirmar quando o assunto é a música que se faz em Portugal, também no teatro reconhece "um conjunto de gente criativa que não desiste". Porque "as contrapartidas que o teatro nos dá são únicas, ainda que o aspecto financeiro esteja constantemente em segundo plano".
Não figurava como actor num cartaz de teatro desde 1989, ano de Quem Pode Pode, de David Mamet (encenada por João Canijo), no Politeama. "Porque o tempo nem sempre o permite ou porque as propostas podem não ser as mais sedutoras", conta ao DN. Mas "as leituras pessoais que cada papel permite" são sempre sedutoras" e garantem a Sérgio Godinho a continuidade de uma relação "única" com o palco, descoberta ainda nos tempos de estudante de Economia.
"Foram três anos de pouco estudo mas de descoberta pessoal", recorda. No Teatro da Universidade do Porto iniciou um percurso que haveria de desdobrar entre "o teatro profissional e o amadorismo". Isto antes de Sérgio Godinho rumar até Paris. "Depois de audições difíceis entrei para o elenco do musical Hair, em 1967 ", lembra. O encontro entre a representação e a música deu-lhe "traquejo", diz-nos, trazendo também elementos que ainda hoje procura reflectir nos palcos quando a função é a de músico: "São elementos subtis e subliminares mas estão sempre presentes."
Em 1971, Sérgio Godinho faz parte da companhia Living Theatre. Em Ouro Preto, no Brasil, "todo o grupo foi preso no primeiro dia de um festival". Viviam-se tempos de ditadura militar e a Living Theatre tinha o rótulo de "nome incómodo" para a realidade do país. Já no Canadá, onde residiu entre 1972 e 1974, acompanhou a Genesis Company Theatre, antes do regresso a Portugal, onde continuaria a estabelecer o "diálogo possível" entre as exigências do percurso musical e o teatro que nunca abandonou. "Ver de perto o que é uma peça, como funciona, quais os parâmetros que regem a sua construção são elementos que fui descobrindo e que me despertaram para outras realidades, mesmo na minha composição."
Hoje, assume que não é "consumidor exaustivo de teatro, também porque não o posso ser". Mas tem a visão necessária para lhe garantir o reconhecimento de "gerações novas, tanto de actores como de encenadores, de enorme valor. E é visível uma assumida vontade de trabalhar, de praticar o teatro." Tal como gosta de afirmar quando o assunto é a música que se faz em Portugal, também no teatro reconhece "um conjunto de gente criativa que não desiste". Porque "as contrapartidas que o teatro nos dá são únicas, ainda que o aspecto financeiro esteja constantemente em segundo plano".
in DN
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