Por iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores
MENSAGEM DO DIA MUNDIAL DO TEATRO DE 2008
Norberto Ávila
A celebração do Dia Mundial do Teatro é – e continuará a ser – ano após ano, uma oportunidade ideal de reflexão sobre as condições sociais, económicas e políticas em que essa arte milenária quotidianamente se produz e se reafirma como um privilegiado índice de civilização.
Ao longo do séculos, é bem verdade, muitos têm sido os entraves postos ao seu natural desenvolvimento. Porém, esbracejando na periódica ondulação de crises miudinhas, o Teatro recupera o gesto amplamente comunicante e projecta ainda mais forte a sua voz quase sempre solidária.
Não queiramos atribuir ao Teatro a primordial função regenerativa da Humanidade. Mas não tenhamos dúvida de que o Teatro – como todas as artes – ajuda a sociedade na superação de insuficiências diversas. Pelo que é de reclamar a sua inclusão nos programas educativos, desde a infância, na prática do ambiente escolar, complementada com a leitura de textos dramáticos e a frequente assistência a espectáculos teatrais. O gosto pelo Teatro será tanto mais forte quanto mais cedo for o acesso ao respectivo conhecimento.
Há certamente países em que a leitura de obras teatrais quase rivaliza com a de obras de ficção narrativa. Infelizmente não é esse o caso português, onde elas são quase sempre relegadas para os sítios mais esconsos das livrarias. E tão-pouco merecem (haverá excepções) a mínima referência nas páginas literárias.
Quem sabe se as companhias profissionais e mesmo os grupos de teatro amador – interessados como deverão estar na criação dum público mais frequente – não poderiam, de quando em quando, realizar uma ou outra leitura-espectáculo, para divulgação de textos menos conhecidos, portugueses ou estrangeiros?
E, referindo agora a Dramaturgia Portuguesa – sem a qual não será legítimo falar de um verdadeiro Teatro Português – há que reivindicar a normal inclusão de autores nacionais nos repertórios das companhias financeiramente mais apoiadas pelo Estado. (Também nesse aspecto queiramos ser europeus!).
Agora, recuperados que foram alguns dos mais importantes espaços cénicos deste País, compete ao Estado – de colaboração com as Autarquias e alguns organismos culturais – incrementar uma real e permanente descentralização, que permita o intercâmbio regular de espectáculos teatrais de várias proveniências.
Entretanto, é muito para lamentar que, dentre tantos canais televisivos existentes em Portugal, não haja um que se digne dispensar uma hora ou duas à realização ou retransmissão de peças teatrais. Até quando?
Estes – no Dia Mundial do Teatro – alguns reparos, alguns votos dum dramaturgo português.
27 de Março de 2008
MENSAGEM DO DIA MUNDIAL DO TEATRO DE 2008
Norberto Ávila
A celebração do Dia Mundial do Teatro é – e continuará a ser – ano após ano, uma oportunidade ideal de reflexão sobre as condições sociais, económicas e políticas em que essa arte milenária quotidianamente se produz e se reafirma como um privilegiado índice de civilização.
Ao longo do séculos, é bem verdade, muitos têm sido os entraves postos ao seu natural desenvolvimento. Porém, esbracejando na periódica ondulação de crises miudinhas, o Teatro recupera o gesto amplamente comunicante e projecta ainda mais forte a sua voz quase sempre solidária.
Não queiramos atribuir ao Teatro a primordial função regenerativa da Humanidade. Mas não tenhamos dúvida de que o Teatro – como todas as artes – ajuda a sociedade na superação de insuficiências diversas. Pelo que é de reclamar a sua inclusão nos programas educativos, desde a infância, na prática do ambiente escolar, complementada com a leitura de textos dramáticos e a frequente assistência a espectáculos teatrais. O gosto pelo Teatro será tanto mais forte quanto mais cedo for o acesso ao respectivo conhecimento.
Há certamente países em que a leitura de obras teatrais quase rivaliza com a de obras de ficção narrativa. Infelizmente não é esse o caso português, onde elas são quase sempre relegadas para os sítios mais esconsos das livrarias. E tão-pouco merecem (haverá excepções) a mínima referência nas páginas literárias.
Quem sabe se as companhias profissionais e mesmo os grupos de teatro amador – interessados como deverão estar na criação dum público mais frequente – não poderiam, de quando em quando, realizar uma ou outra leitura-espectáculo, para divulgação de textos menos conhecidos, portugueses ou estrangeiros?
E, referindo agora a Dramaturgia Portuguesa – sem a qual não será legítimo falar de um verdadeiro Teatro Português – há que reivindicar a normal inclusão de autores nacionais nos repertórios das companhias financeiramente mais apoiadas pelo Estado. (Também nesse aspecto queiramos ser europeus!).
Agora, recuperados que foram alguns dos mais importantes espaços cénicos deste País, compete ao Estado – de colaboração com as Autarquias e alguns organismos culturais – incrementar uma real e permanente descentralização, que permita o intercâmbio regular de espectáculos teatrais de várias proveniências.
Entretanto, é muito para lamentar que, dentre tantos canais televisivos existentes em Portugal, não haja um que se digne dispensar uma hora ou duas à realização ou retransmissão de peças teatrais. Até quando?
Estes – no Dia Mundial do Teatro – alguns reparos, alguns votos dum dramaturgo português.
27 de Março de 2008
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