Até Dezembro, Marco D’Almeida, Nuno Lopes, Manuel João Vieira, Maria João Luís, Leonor Keil, Paulo Ribeiro, Bernardo Sassetti, Beatriz Batarda e Mário Laginha são alguns dos intérpretes que vão passar pelo Teatro Viriato, mas neste primeiro fim-de-semana do quadrimestre (14 e 15 de Setembro) o palco é do quarteto masculino de Masculine e dos cerca de 37 artistas plásticos que reflectem sobre o conceito de antimonumento, numa iniciativa da Galeria António Henriques (Viseu), em colaboração com o Teatro Viriato.
ESTREIA NACIONAL Dança MASCULINE Coreografia de Paulo Ribeiro
Sexta, 14 e Sábado, 15 Set. 21h30
> 12 anos 80 min. aprox. Preço B (7,5 a 15€) Preço Jovem 5 €
Uma peça intensa, quase febril, capaz de levar facilmente o público ao riso ou às lágrimas e que gira à volta do que aproxima esses intérpretes da “pessoa” de Fernando Pessoa. Não lhes interessa o Pessoa escritor, mas sim o Pessoa homem.
Num velho campo de futebol abandonado guardado nas memórias de meninice, as histórias de hoje seriam contadas mais ou menos assim como em Masculine. Ao compasso da bola, quatro homens desfiam episódios de vida falhados, inspirados pela transfiguração de Fernando Pessoa, embalados pela beleza das palavras, envolvidos no desejo de dar à máscara um sentido, tal como Pessoa escreveu. Procuram calcorrear as mesmas pedras, aproximando-se desse Pessoa, exilado. Não lhes interessa o Pessoa escritor, mas sim o Pessoa homem.
Ainda assim, as palavras do poeta ecoam ao longo desta criação, ao sabor de uma história bem contada, em que a palavra é roubada e disputada entre quatro homens que recuam no tempo em busca dos seus próprios episódios de vida, de uma audição, de uma ambição desmedida ou de uma traição do corpo que se cruzem com o imaginário pessoano, num turbilhão de expressões que conduzem o público por uma montanha russa, apreendida por todos os sentidos e pautada pela beleza dos momentos ou pela energia que transpira esta peça.
Apesar das alusões constantes a algumas criações literárias do poeta português, Paulo Ribeiro “não tinha a pretensão de trabalhar Fernando Pessoa”. “Não tenho conhecimentos, nem capacidade intelectual, nem inteligência suficiente para trabalhar um personagem destes. O que me resta a mim e a estes intérpretes é deixarmo-nos ser tocados por tudo aquilo que lemos dele, a forma como estas coisas nos foram movendo ao longo da vida”. E recorda: “Nunca me debrucei a fundo e seriamente sobre Fernando Pessoa, mas ao longo da minha vida, ela foi-me sempre acompanhando. Por exemplo, durante a minha adolescência, nos percursos que fazíamos pelo Bairro Alto, Chiado e por aí fora, parece que ainda se respirava um bocadinho desta densidade que esta pessoa lhes imprimiu, o facto de passar por lá é especial”.
O movimento percorre as entranhas da peça, “um movimento que não é exclusivo do corpo ou da composição coreográfica, um movimento que também é criado pelo uso da voz, da palavra”
Cada movimento desta matéria viva, instável, que constrói e destrói, que oscila, surpreende, algo que sabe rir de si próprio, transpira a energia, o humor e ironia do criador, que não esconde a predilecção por “criar à volta da energia, do movimento, de algo que não é contemplativo”. Masculine é físico e intenso, algo que marca e não passa.
Coreografia Paulo Ribeiro Assistente de Coreografia Leonor Keil Com Miguel Borges, Peter Michael Dietz, Romeu Runa e Romulus Neagu Desenho de luz Nuno Meira Música Frank Zappa e Shostakovich Produção Companhia Paulo Ribeiro Co-produção Teatro Viriato, Teatro Nacional S. João, Teatro Maria Matos, Centro Cultural Vila Flor e Festival Temps d’Aimer, em Biarritz
Exposição // Antimonumentos
Comissário Miguel von Hafe Pérez
Inauguração 15 de Setembro
18h00 Teatro Viriato
22h30 Galeria António Henriques (Rua Cândido dos Reis, 7, Viseu)
15_Set >> 20_Out de terça-feira a sábado, das 15h00 às 19h00
Sala de Ensaios e Estúdio do Teatro Viriato
Galeria António Henriques (Viseu)
O Teatro Viriato e a Galeria António Henriques (Viseu) convidam para a inauguração da exposição Antimonumentos, comissariada por Miguel von Hafe Pérez e que reúne obras de 37 artistas portugueses. A inauguração da exposição será no dia 15 de Setembro, às 18h00 no Teatro Viriato e às 22h30 na Galeria António Henriques. Durante a inauguração da exposição, Miguel von Hafe Pérez estará no Teatro Viriato à disposição dos jornalistas para uma conversa sobre a concepção deste projecto.
A exposição Antimonumentos que como o próprio nome indica foi desenvolvida à volta do conceito de antimonumento estará patente na Galeria de Arte Contemporânea António Henriques, num espaço adjacente especificamente aberto para esta mostra e ainda no Teatro Viriato (Sala de ensaios e Estúdio) até dia 20 de Outubro.
Artistas participantes:
Alice Geirinhas, André Cepeda, Ângelo Ferreira de Sousa, António Olaio, Arlindo Silva, Avelino Sá, Baltazar Torres, Carla Cruz, Carla Filipe, Carlos Correia, Carlos Lobo, Carlos Roque, Cristina Mateus, Eduardo Matos, Fernando José Pereira, Francisco Queirós, Hugo Canoilas, Isabel Carvalho, Isabel Ribeiro, João Fonte Santa, João Marçal, João Serra, João Tabarra, José Maçãs de Carvalho, Luís Palma, Manuel Santos Maia, Miguel Leal, Miguel Palma, Nuno Cera, Paulo Catrica, Paulo Mendes, Pedro Barateiro, Pedro Cabral Santo, Pedro Diniz Reis, Pedro Pousada, Pedro Tudela e Vera Mota.
A exposição Antimonumentos reúne assim um segmento significativo de artistas plásticos portugueses que reflecte sobre o conceito de antimonumento.
Segundo o comissário, Miguel Pérez:
“Antimonumentos, porquê?
Porque a reflexão sobre o passado ou sobre o presente nem sempre se produz nas grandes narrativas, nem nos objectos simbolicamente saturados.
Porque à inquietação sobre o real, os artistas respondem melhor com dúvidas do que com certezas.
Porque os olhares desviantes nos centram nas franjas do previsível.
Porque em oposição a uma estratégia curatorial rígida e assertiva se privilegiou a incerteza de respostas inéditas;
Porque a energia que um evento desta natureza pode constituir-se como discurso complementar à estratificação dicotómica da arte actual, empurrada para extremos ditos alternativos ou demasiado institucionais.
Porque a decisão sobre o que é ou não arte, sobre o que deve ou não ser exposto e sobre o que vincula uma obra ao seu contexto é, em primeira instância, uma decisão individual dos artistas; assim, numa exposição que dá liberdade criativa aos seus protagonistas, esta questão poderá ganhar uma relevância suplementar.
Porque a arte tem uma tendência para se levar demasiado a sério, e é nos momentos de dúvida, experimentação e derisão que frequentemente melhor se expressa.
Porque a cumplicidade é aqui assumida, reiterada e exposta.
Porque tal como alguém que teimosamente se dedica à divulgação da arte contemporânea numa cidade do interior deste país, é na persistência de pequenos gestos que se consegue tornar a realidade mais habitável, na construção de comunidades que consigam olhar criticamente o que produzem e, quando possível, alargando o seu espectro de acção para comunidades que lhe serão, à partida, alheias”.
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