José Saramago no cinema e no teatro







A obra literária de José Saramago cruzou-se algumas vezes com o cinema, além de "Ensaio sobre a cegueira" (2008), do cineasta brasileiro Fernando Meirelles. O filme - co-produzido por Brasil, Canadá, Reino Unido e Japão - reuniu atores de várias países, como os americanos Julianne Moore, Mark Ruffalo e Danny Glover, a brasileira Alice Braga e o mexicano Gael García Bernal. Meirelles tentou por anos conseguir autorização para levar a obra ao cinema, mas conseguiu realizar um filme que sensibilizou o escritor.

A produção mais recente adaptada da obra de Saramago foi lançada este ano em pequenos festivais e chama-se "Embargo". Dirigido por António Ferreira, o filme nasceu de um conto homônimo do livro "Objecto quase".

Fernando Meirelles, diretor de 'Ensaio sobre a cegueira', fala sobre documentário dos últimos dias de Saramago

"Embargo", com 80 minutos, é inspirado na crise petrolífera e conta a história de Nuno, que dribla os problemas da falta de combusítvel enquanto tenta vender um digitalizador de pés, uma máquina inventada por ele que promete revolucionar a indústria do calçado. Protagonizado por Filipe Costa e co-produzido por Espanha, Portugal e Brasil, o longa está previsto para chegar aos cinemas em setembro.

O livro "A jangada de pedra" (1986) também foi adaptada para o cinema. Dirigido pelo holandês George Sluizer em 2000, o filme mostra a história de quando a Península Ibérica se solta do resto da Europa e vagueia pelo Atlântico, rumo a uma colisão com o arquipélago de Açores.

Amante do cinema, José Saramago participou com depoimentos em alguns filmes. Como no documentário brasileiro "Janela da alma" (2001), de João Jardim e Walter Carvalho, sobre a questão da visão. Além de entrevista em "Palabras verdaderas" (2004), documentário de Ricardo Casas sobre a vida e a carreira do escritor Mario Benedetti, um dos poetas mais importantes do Uruguai.

O escritor português também fez participação especial no documentário "D. Nieves" (2002), de Miguel Mendes. Ele colocou sua voz em off ajudando a contar a história da aldeia de Deva e dois de seus habitantes (D. Nieves e o seu marido).

O curta de animação "A maior flor do mundo" (2006), de Juan Pablo Etcheberry, adapta um conto de Saramago em que ele se transforma em um personagem e nos conta a ideia para um livro infantil, inventando a história sobre um menino que fez nascer a maior flor do mundo.

Saramago também escreveu quatro peças. Ele dizia: "não me considero um dramaturgo, as quatro peças de que sou autor nasceram todas por solicitações exteriores". São elas "A noite", "Que farei com este livro?", "A segunda vida de Francisco de Assis", "In Nomine Dei" e "Don Giovanni ou O dissoluto absolvido".

No Brasil, seu livro "O evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991), foi adaptado por Maria Adelaide Amaral e dirigido por José Possi Neto em 2001, com Eriberto Leão, Walderez de Barros, Paulo Goulart, Celso Frateschi e Maria Fernanda Cândido no elenco.

"O conto da Ilha Desconhecida" ganhou uma adaptação para um espetáculo infanto-juvenil montado em São Paulo também em 2001.
in O Globo

Comments

svasconcelos said…
O conto da ilha desconhecida também foi adaptado por um grupo de teatro "oficina versus" (teatro de inclusão com pessoas portadoras e não portadoras de deficiência. Um belíssimo trabalho, asseguro, assistido pela filha do autor, que também partilhou da mesma opinião.