A EGEAC abriu quarta-feira um processo de recrutamento para director artístico do Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, que "dê nova vida" à sala dinamizada pela antiga companhia Teatro da Cornucópia.
O processo de recrutamento decorre até 30 de Março, disse à agência Lusa fonte da EGEAC, e visa igualmente reforçar a dinâmica cultural da área urbana envolvente da sala que se situa na rua Tenente Raul Cascais, entre o largo do Rato, o Príncipe Real e a rua de São Bento.
Segundo a presidente da empresa municipal, Joana Gomes Cardoso, "pretende-se que o/a futuro/a diretor/a desenvolva um projeto que dê nova vida a este teatro emblemático da cidade e reforce a dinâmica cultural desta zona, que tem sido alvo de grandes alterações nos últimos anos".
"A proposta artística deverá promover a criação, produção e apresentação de projectos emergentes e experimentais, no âmbito das artes de palco: teatro, dança, performance e música", acrescentou Joana Gomes Cardoso, em resposta enviada à agência Lusa.
Terminado o prazo de entrega das candidaturas, no próximo dia 30 de Março, "será realizada pelo júri uma entrevista presencial aos três candidatos/as mais bem classificados". "Estas entrevistas estão previstas para a primeira quinzena do mês de Abril e a comunicação pública dos resultados será feita em maio", concluiu Joana Gomes Cardoso.
O Teatro do Bairro Alto, onde durante 41 anos funcionou a companhia Cornucópia, foi uma das salas incluídas no modelo de gestão dos teatros municipais de Lisboa, anunciado em Dezembro pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.
Segundo a vereadora, esta sala, que corria o risco de se tornar num espaço de serviços, manter-se-á com gestão municipal directa, depois de aberto um concurso para director artístico, "para um período de três a quatro anos".
A recuperação do Teatro do Bairro Alto prendeu-se com os objetivos do projeto, "por um lado, preservar a memória de alguns espaços emblemáticos da cidade, diversificar a oferta teatral, não só no que respeita aos conteúdos de programação propriamente ditos, mas também no que diz respeito aos modelos de gestão", como Catarina Vaz Pinto adiantou então à agência Lusa.
O Teatro do Bairro Alto, criado pelo Teatro da Cornucópia, em 1975, fechou portas em 17 de dezembro de 2016, com um recital pelo ator e encenador Luís Miguel Cintra, um dos fundadores da companhia, depois de 126 criações, algumas em estreia mundial.
A Cornucópia, fundada por Cintra e pelo encenador e actor Jorge Silva Melo, actual responsável pelos Artistas Unidos, estreou-se em 13 de Outubro de 1973, no antigo Teatro Laura Alves, e só em 1975 passou a "residir" no Teatro do Bairro Alto, onde antes funcionara o antigo Centro de Amadores de Ballet. O termo da actividade da Cornucópia punha igualmente fim ao contrato existente para aquela sala. Porém, "a autarquia entendeu que a 'black box' do Teatro do Bairro Alto, com uma lotação de 150 a 200 lugares, devia ser mantida" sob gestão municipal, "face à falta de espaços daquela natureza", disse Catarina Vaz Pinto, à Lusa, em Dezembro. Para a decisão, segundo a vereadora, foi tida em conta a memória daquela sala e a possibilidade de servir para grupos emergentes.
in DN/com Lusa
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