Erêndira! Sim, avô... continua na Barraca até 1 de Abril


2ª Temporada | Novos horários

ERÊNDIRA! SIM, AVÓ…
Espectáculo de Rita Lello a  partir da novela A incrível e triste história de cândida Erêndira e sua Avó Desalmada de Gabriel García Marquez


Em cena até 1 de Abril
de quinta-feira a sábado às 21h00
Domingo às 17h00
Duração 2h00

“Estava Erêndira a dar banho à Avó quando começou o vento da sua desgraça”. É com estas palavras que o prémio Nobel da literatura, Gabriel Garcia Marquez, abre a novela curta que está na base deste espectáculo. Usando como pano de fundo a triste realidade da exploração sexual de menores na profunda Colômbia mágica, Gabo dá-nos a conhecer a relação de exploração entre uma Avó desalmada e uma neta cuja candidez e cega obediência suporta extremos de violência sexual impensáveis. “Se as coisas continuarem assim pagas-me a dívida dentro de oito anos, sete meses e onze dias.“, contabiliza a Avó. Se tivermos em conta que a média diária são setenta homens a quem Erêndira presta por dia os seus serviços, teremos ideia do nível da exploração que este corpo de 14 anos acabados de fazer terá de suportar, da crueldade da avó e do desnorte a que chega uma sociedade indígena violentada por missionários evangelizadores e regida por militares sem escrúpulos. Não podendo olhar para esta narrativa senão como uma metáfora, e tendo em conta que Garcia Marquez é um escritor que aliou como poucos uma escrita mágica às preocupações sociais e politicas, não é estranho que ela nos evoque imediatamente a relação de exploração existente entre países ricos e países pobres. A dívida de Erêndira, nascida de um descuido numa desgraçada noite de vento em que, caída de cansaço, adormeceu antes de apagar uma vela; vai aumentando à medida que a paga. A avó rejuvenesce a cada pagamento que recebe da mão dos tais setenta homens que por dia se servem de Erêndira. Rumo ao mar, embalada pelos amores sonhados com contrabandistas sedutores a caminho da travessia para a desejada ilha de Aruba, a baleia irá morrer na praia às mãos de Ulises amantíssimo anjo libertador de uma Erêndira que nunca mais parará de correr.

E então o espectáculo. E então adaptar, escortanhar, escolher, abdicar. Encontrar um espaço cénico que permita contar uma história que atravessa a Colômbia imaginada de Garcia Marquez, ir ao encontro de um surrealismo que permita ao realismo mágico respirar. Aplicar recursos múltiplos e usá-los sempre de modo a perseguir a artesanalidade inaugural de todos os desfloramentos. A artesanalidade dos pobres. Neste teatro não está o texto no centro, não está a palavra na boca do actor. O texto de Garcia Marquez é um texto de imagens, um texto para ser imaginado, não para ser dito mas para ser lido. Eu li-o. Esta é a minha leitura

Rita Lello



Ficha Artística e Técnica
Texto a partir d´ A Incrível e triste história de cândida Erêndira e sua Avó Desalmada de Gabriel García Marquez

Direcção e Adaptação
Rita Lello

Assistente Encenação:
Rita Soares

Espaço Cénico
Rita Lello

Carpintaria
Mário Dias

Figurinos
Maria do Céu Guerra

Adereços
Marta Fernandes da Silva

Assistente Guarda-Roupa
Sérgio Moras

Costureira
Zélia Santos

Selecção Musical
Rita Lello

Música original e arranjos
João Maria Pinto

Desenho de Luz, Video e Edição
Paulo Vargues

Sonorização
Ricardo Santos

Assistência à Montagem
Fernando Belo

Animações
Paulo Vargues

Relações Públicas e Produção
Inês Costa, Paula Coelho, Sónia Barradas

Fotografia
Ricardo Rodrigues

Elenco
Maria do Céu Guerra
João Maria Pinto
Sara Rio Frio
Adérito Lopes
João Teixeira
Rita Soares
Ruben Garcia
Samuel Moura
Sérgio Moras
Alexandre Castro
David Medeiros

João Parreira (primeiro elenco)
Diogo Varela (primeiro elenco)

Estreia no TeatroCinearte, 24 Junho 2017


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