Teatro Nacional D. Maria II #4




João Mota aceitou convite para dirigir Teatro D. Maria II

João Mota, encenador e fundador do Teatro A Comuna, aceitou nesta sexta-feira o convite feito na véspera pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, para dirigir o Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), depois do afastamento de Diogo Infante do cargo de director artístico.

“A reunião acabou agora e ainda está tudo muito baralhado na minha cabeça”, disse ao PÚBLICO, por telefone, ao princípio da tarde. “Ainda preciso de tempo para pensar seriamente no projecto para o D. Maria. Tenho muitas ideias, mas um projecto é mais do que ideias soltas”, acrescentou.

Também quanto à programação, muito haverá ainda para definir. Porém, João Mota espera “que a programação possa manter-se até ao final de Fevereiro”. E esclarece: “As peças estão a ser feitas. Esse programa tem de se cumprir. Depois de Fevereiro logo se vê.”

Questionado sobre as razões que o levam a aceitar assumir o cargo, confessa: “Nunca pensei em dirigir o Nacional. Aceitei porque é um desafio, tal como foi um desafio fundar A Comuna no pré-25 de Abril, sem dinheiro, sem apoios e em ditadura. Não sei se vou ser capaz, com tão pouco dinheiro e um corte tão grande. O Diogo [Infante] falou nisso muitas vezes nos últimos dias. Menos 36% é muita coisa, mas vou tentar, com muita energia.” E conclui: “Tenho coragem para isso e também me dará muito prazer tentar. O país está em crise, todos temos obrigação de tentar, de fazer a nossa parte.”

“Uma decisão difícil”

O convite para substituir Diogo Infante tinha sido confirmado ao PÚBLICO ontem, quinta-feira, pelo próprio João Mota, 69 anos, que afirmou ser “uma decisão difícil”, acrescentando: “Tenho uma relação muito boa com o Diogo, de grande afectividade. (…) Além disso acho que ele foi um bom director para o D. Maria.”

A substituição do ainda director artístico do teatro, Diogo Infante, foi anunciada quarta-feira, depois de o teatro nacional ter enviado para jornais, rádios e televisões um comunicado em que anunciava a suspensão da programação para 2012, caso o secretário de Estado não encontrasse uma solução para aumentar o orçamento do teatro para o próximo ano.

Diogo Infante, que foi nomeado em 2008 e que se encontrava em funções interinamente (o seu contrato terminou em Setembro), garantiu no referido comunicado que, com o corte orçamental previsto para 2012 – menos 36%, contando com as reduções acumuladas dos dois últimos anos, 2010 e 2011 – não teria condições para assegurar a programação do próximo ano, divulgada no Verão.

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