«Jardim Zoológico de Cristal» no Teatro das Figuras







A peça de Tennessee Williams «Jardim Zoológico de Cristal» sobe ao palco do Teatro das Figuras, em faro, no sábado, dia 30, às 21h30.

A peça é encenada por Nuno Cardoso, numa co-produção da Ao Cabo Teatro com o Centro Cultural Vila Flor, Teatro Viriato, Teatro Aveirense, Theatro Circo de Braga e As Boas Raparigas…

“Jardim Zoológico de Cristal” é um texto essencial da história recente do teatro. Poisado sobre uma família em crise – porque as decisões, as possibilidades e as incapacidades pessoais de cada uma das suas personagens se cruzam com uma crise que vem de fora – parece escrita ontem, parece falar de qualquer um de nós, nestes tempos de incerteza.

A humanidade, seja ela com agá maiúsculo ou minúsculo, enfrenta, em momentos assim, um paradoxo real que coloca frente a frente o desejo, a energia vital que constrói o futuro, e a rugosidade da existência, a desadequação entre expectativas e possibilidades concretas.

Peça-memória, nas palavras do seu autor, «Jardim Zoológico de Cristal» joga num mesmo plano a reemergência no presente da angústia que sobra das grandezas «de antanho»; a dureza concreta do caminho de quem deve assegurar um presente, hipotecando a sua ideia de futuro; a dificuldade de inscrição no real de alguém que é visto, e se vê, como inadaptado; e por último, mas não menos importante, um agente do futuro que não deixa de sentir as dores e as dúvidas reais que se escondem no percurso a empreender.

Situada num tempo fora de qualquer tempo real – aquele que é activado pelas recordações de Tom, narrador que entra e sai da acção, conduzindo-a mas não podendo influenciá-la – a peça introduz variações estilísticas que, ao seu tempo, revolucionaram a linguagem teatral.

Inventor de um «teatro plástico», Tennessee Williams propõe-nos um dispositivo onde a luz, a música, a inserção de títulos e comentários, sublinham a dimensão simbólica do espectáculo.

Os bilhetes para o espectáculo custam dez euros, com descontos de 25% para maiores de 65 anos e preço único de cinco euros para menores de 30 anos.

SINOPSE:

A obra de Tennessee Williams traz-nos uma galeria de personagens singulares, pessoas que são símbolos embora sofram e vivam como pessoas normais.

Partindo de uma narrativa/memória com fortes marcas autobiográficas, Williams inspira-se em Tchekov para nos oferecer pessoas comuns que parecem carregar sobre si as angústias, os dilemas, o desejo de felicidade de toda a humanidade.

A escolha deste texto sintetiza todo um programa artístico: o reexercício, por uma equipa jovem, mas com créditos firmados, de um modelo criativo que desafia uma linguagem de aparente verosimilhança e imediatismo mimético para chegar a uma linguagem que ponha em jogo o actor e o espectador português.

AO CABO TEATRO

Inicia a sua actividade no ano 2000. Foi fundada e dirigida até 2004 por Hélder Sousa.

Em 2001, Ao Cabo Teatro inicia uma relação de cumplicidade com o encenador Nuno Cardoso, da qual resultaram os projectos: Antes dos Lagartos, de Pedro Eiras (co-produção TNSJ/2001), Purificados, de Sarah Kane (2002), Valparaiso, de Don Dellilo (co-produção Rivoli e Culturgest/2002) e Parasitas, de Marius Von Mayenburg (2003).

A estes projectos, Ao Cabo Teatro assegurou a produção e uma ampla digressão nacional.

Esta colaboração permitiu criar um conjunto fixo de colaboradores que ainda hoje perdura e plasmar a co-produção e o funcionamento em rede como o método base de produção da Ao Cabo Teatro.

Em 2003, no âmbito de Coimbra – Capital Nacional da Cultura, Ao Cabo Teatro assume a realização do Festival SITE – Semana Internacional de Teatro, dirigido por José Luís Ferreira.

Depois de alguns anos de interregno, Ao Cabo Teatro está de regresso com um conjunto de projectos que vão de Williams a Tchekov ou Büchner, reafirmando uma estratégia de produção e circulação que permita o exercício criativo dos artistas que lhe estão associados e a exposição dos seus projectos a públicos alargados em Portugal e fora de portas.

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