Dívidas encerram Teatro Mundial






Polémica: Co-produções com Teatro Nacional D. Maria II não foram pagas

O actor e encenador Almeno Gonçalves, que o grande público conhece das telenovelas e séries humorísticas, acaba de abandonar o Teatro Mundial, em Lisboa, onde desde 2005 apresentava, com regularidade, uma programação vocacionada para o teatro ligeiro e produções infantis. Isto porque dois espectáculos realizados em co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II nunca foram pagos pelo Ministério da Cultura. O processo já está em tribunal.

"Deixaram-nos com uma dívida nas mãos no valor de 80 mil euros", conta Almeno Gonçalves. "Já falei com o ministro da Cultura – com o actual, José António Pinto Ribeiro, e a anterior, Isabel Pires de Lima – mas nenhum me deu resposta e a minha produtora, a Sola do Sapato, avançou com a queixa para tribunal," continua, adiantando que também pediu ajuda à Câmara de Lisboa, sem obter resposta.

"Sempre vivemos da bilheteira e já tínhamos conseguido uma boa corrente de público no Mundial, mas pagar aquela dívida não nos era possível, porque nunca tivemos apoio algum – nem do Ministério da Cultura, nem da Câmara", diz.

Almeno Gonçalves ainda tentou apresentar os seus próximos espectáculos no Teatro Villaret, actualmente desocupado e com a renda mensal a ser paga pelo Ministério da Cultura, mas também isso lhe foi negado.

O futuro da Sola do Sapato passa agora por apresentar espectáculos fora de Lisboa. Estreará, em Oliveira do Bairro, ‘Rapariga(s)!’, com André Nunes e Núria Madruga. O CM não conseguiu obter reacção do Ministério da Cultura e do Teatro Nacional D. Maria II.
Ana Maria Ribeiro in "Correio da Manhã"

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