Editada a primeira fotobiografia de Vasco Santana, um actor "sempre no centro da cena"







A primeira fotobiografia de Vasco Santana, actor multifacetado que o público e a crítica elogiaram na revista, comédia, opereta, drama e cinema, e nas primeiras emissões da televisão, é editada este mês.

A obra, com 193 fotografias, integra a colecção de fotobiografias do século XX coordenada por Joaquim Vieira, na qual já foram publicadas as de Amália Rodrigues e Fernando Pessoa.

Luís Trindade, professor no Birkbeck College da Universidade de Londres, é o autor da fotobiografia, que se divide em dez capítulos e traça a biografia do actor com antecedentes familiares nas lides do teatro. O pai de Vasco Santana foi Henrique Santana, desenhador de cena, e o autor teatral Luís Galhardo era seu tio.

Vasco Santana gozou de enorme popularidade. Conta Luís Trindade que um dia, na década de 1940, Oliveira Salazar mandou reduzir a velocidade do automóvel em que seguia para o saudar, chamando-o pelo nome de uma das suas personagens.

O actor foi um dos primeiros a aderir à televisão, participando em séries como "A anedota da semana". Muitos dos seus colegas, entre os quais Maria Matos, recusaram-se a actuar para as câmaras.

Luís Trindade salienta no início da obra que "não é preciso apresentar" Vasco Santana, "o Vasquinho" de "O Pátio das Cantigas", pois "em princípio toda a gente sabe quem é".

Vasco Santana "manteve-se sempre no centro da cena", tendo cultivado "uma familiaridade de 40 anos com o público", assinala.

Trindade refere ainda que ele foi um "dos actores mais activos", mantendo-se em cena até dois meses antes de morrer, no Teatro Monumental, em "Um fantasma chamado Isabel", contracenando com Laura Alves e o seu filho Henrique Santana.

Vasco Santana protagonizou um dos mais "fulgurantes" trajectos da cena portuguesa, tendo actuado tanto no Parque Mayer como no palco do Nacional, na rádio - os famosos diálogos de "Lelé e Zéquinha" na década de 1940 -, o cinema e a televisão, logo nas primeiras emissões da RTP.

Ao seu funeral, a 14 de Junho de 1958, assistiram milhares de pessoas.

Esta fotobiografia inclui ainda uma cronologia pormenorizada do actor, referindo as diferentes peças em que participou, as entrevistas que deu, os filmes em que participou e eventos da vida familiar.

Luís Trindade é doutorado pela Universidade Nova de Lisboa e é autor, entre outros, de "O século XX nos jornais portugueses".
in Lusa

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