Ricardo Pais acusa o Governo de não ter projecto cultural para o país
Ricardo Pais admitiu ao PÚBLICO e à Rádio Nova que O Mercador de Veneza será a sua última encenação como director artístico do Teatro Nacional S. João (TNSJ). Na entrevista (que pode ser ouvida amanhã e lida segunda-feira no caderno Local Porto e na edição online), o actual presidente do Conselho de Administração do teatro critica o Governo de José Sócrates pela “inexistência de um projecto cultural para o país” e acusa o PS de “fazer sempre a política que permite ao PSD vir a seguir fazer terra queimada das principais conquistas”.
Apesar de considerar que o problema das políticas culturais “é internacionalmente grave” - “Em França, os paradigmas estão a cair, pelo descaramento e pela 'aisance' de um político de facto fracturante como o Sarkozy, para dar apenas um exemplo do que é uma espécie de Pedro Santana Lopes a sério” -, Ricardo Pais sublinha que a questão se põe de maneira particularmente aguda em Portugal, que ainda não assumiu o apoio à criação como “missão nacional”. “Isso tinha que ser feito como parte de um projecto cultural para o país: não tenho visto esse projecto nestes últimos anos, e não o tenho visto seguramente nestas governações”, afirma.
O “baixíssimo tecto orçamental” que o Ministério da Cultura disponibilizou para 2009, diz o director do TNSJ, obrigou ao cancelamento de parte da programação do próximo ano, apesar das expectativas de agilização financeira criadas pela passagem do teatro a Entidade Pública Empresarial (EPE): “Precisamente por ser o primeiro ano em que nos inscrevíamos nessa coisa pomposa e aparentemente eficaz a que se chama sector empresarial do Estado, eu esperava que fosse finalmente a temporada a sério e tinha posto nela um gosto todo particular, desenvolvendo vias de trabalho muito importantes, algumas das quais deixámos cair completamente”.
A esta distância do final do ano, o S. João não sabe sequer, de resto, se pode contar com parte do financiamento inscrito no orçamento para 2008, acrescenta Ricardo Pais: “Vale a pena perguntar para que é que existe um sector empresarial do Estado que em Outubro ainda não sabe que dinheiro tem para o ano em curso”.
Apesar de não ter medo da sucessão - “Já me aconteceram coisas piores: a Agustina Bessa-Luís sucedeu-me no [Teatro Nacional] D. Maria II, não tenho medo de nada” -, o director do S. João gostava de contribuir para a alteração do regime de acesso à direcção de instituições como o TNSJ e defende a figura do “concurso limitado” para que se possa “chegar finalmente à transparência democrática”. Sobretudo depois do que se tem visto no D. Maria, onde, resume, “o Governo conseguiu estar à altura do próprio Carlos Fragateiro na maneira como o exonerou” com um despacho “ignóbil”.
Apesar de considerar que o problema das políticas culturais “é internacionalmente grave” - “Em França, os paradigmas estão a cair, pelo descaramento e pela 'aisance' de um político de facto fracturante como o Sarkozy, para dar apenas um exemplo do que é uma espécie de Pedro Santana Lopes a sério” -, Ricardo Pais sublinha que a questão se põe de maneira particularmente aguda em Portugal, que ainda não assumiu o apoio à criação como “missão nacional”. “Isso tinha que ser feito como parte de um projecto cultural para o país: não tenho visto esse projecto nestes últimos anos, e não o tenho visto seguramente nestas governações”, afirma.
O “baixíssimo tecto orçamental” que o Ministério da Cultura disponibilizou para 2009, diz o director do TNSJ, obrigou ao cancelamento de parte da programação do próximo ano, apesar das expectativas de agilização financeira criadas pela passagem do teatro a Entidade Pública Empresarial (EPE): “Precisamente por ser o primeiro ano em que nos inscrevíamos nessa coisa pomposa e aparentemente eficaz a que se chama sector empresarial do Estado, eu esperava que fosse finalmente a temporada a sério e tinha posto nela um gosto todo particular, desenvolvendo vias de trabalho muito importantes, algumas das quais deixámos cair completamente”.
A esta distância do final do ano, o S. João não sabe sequer, de resto, se pode contar com parte do financiamento inscrito no orçamento para 2008, acrescenta Ricardo Pais: “Vale a pena perguntar para que é que existe um sector empresarial do Estado que em Outubro ainda não sabe que dinheiro tem para o ano em curso”.
Apesar de não ter medo da sucessão - “Já me aconteceram coisas piores: a Agustina Bessa-Luís sucedeu-me no [Teatro Nacional] D. Maria II, não tenho medo de nada” -, o director do S. João gostava de contribuir para a alteração do regime de acesso à direcção de instituições como o TNSJ e defende a figura do “concurso limitado” para que se possa “chegar finalmente à transparência democrática”. Sobretudo depois do que se tem visto no D. Maria, onde, resume, “o Governo conseguiu estar à altura do próprio Carlos Fragateiro na maneira como o exonerou” com um despacho “ignóbil”.
Inês Nadais in Público
foto de Pedro Cunha
Comments
Enfim. É muito estranho que alguém que entra e sai de direcções de Teatros Nacionais, que faz encenações luxuosas venha agora argumentar uma coisa que não tem nada a ver com a prática passada. Oportunismo? Mudança de opinião? Gostava mais de acreditar na segunda...