OPINIÃO
Violino no telhado e muita gente na sala
por Manuel Serrão
por Manuel Serrão
in JN
O gosto não se discute? É verdade. O gosto não se discute. Acontece que é frequentemente por causa do gosto não se discutir, que as questões de gosto que envolvem despesa pública são altamente discutíveis. E bem.
O gosto não é democrático? É verdade. O gosto, porque não é discutido e é uma atitude individual, não é democrático. No sentido de que ninguém é obrigado a gostar do que gosta a maioria. Como também ninguém é impelido a detestar o que a maioria detesta.
Em qualquer dos casos há gostos que podem ser educados. Há uma educação do gosto que é possível e até é tolerável quando não é totalitária nas suas atitudes ou ambições. A educação para esse gosto tem que estar de braço dado com o gosto por essa educação.
Em qualquer dos casos há sempre democracia no gosto individual. A liberdade do gosto disto ou daquilo, tem é que andar de mãos dadas com a liberdade de não gostar do mesmo e até de gostar precisamente do contrário.
Dito isto, em tese, aterramos no plano concreto e importa-nos saber quem paga o que se faz, independentemente do gosto de todos e de cada um. É na altura das contas (das que se pagam, porque as que vão para o "tecto", não contam!) que esta filosofia da democracia e da liberdade se cruza inexoravelmente com a realidade.
No Teatro Rivoli acaba de estrear mais um espectáculo de Filipe La Feria, onde há um violino no telhado mas muita gente na sala.
No lazer do Porto há muito que ninguém começa as casas pelo telhado e só há violinos quando há gente que gosta de ouvir violino, ou há mecenas dispostos a pagar esses violinos para quem os quiser ouvir. É a política certa.
Os públicos minoritários têm que fazer pela vida, percebendo que, ou se organizam, se financiam e se sustentam, ou não hão-de ser os públicos maioritários a tratarem da vida deles.
Estive na estreia de " Um Violino no Telhado" e adquiri várias certezas:
1- A encenação, a coreografia, o guarda roupa, a qualidade artística do elenco, a banda sonora e a adaptação são de nível europeu.
2- Nenhum dos itens descritos no ponto anterior foi feito a poupar, como se houvesse medo das receitas a gerar pelo espectáculo.
3- A sobrevivência da coisa só será garantida pela efectiva adesão dos espectadores, o que não só recomendo como praticamente dou como garantido, na convicção de que o boca-a-boca é o melhor marketing e não duvido que a esmagadora maioria dos que já viram vai dar boa conta disso.
4- Independentemente das doutas decisões dos tribunais, a decisão política de transformar o Rivoli num Teatro ao serviço dos munícipes deixando de o tratar como uma sala de espectáculos para entreter meia dúzia de pseudo intelectuais politicamente comprometidos, foi talvez a decisão mais acertada dos mandatos de Rui Rio.
Depois destas certezas, ficou-me a dúvida sobre a utilidade da redoma VIP onde os convidados podiam beber e comer à vista de quem não podia. Não é assim que se ganha o apoio popular, nem é disso que o Rivoli e o La Feria precisam para que o espectáculo tenha o sucesso que merece. Pode ser o estilo de Lisboa, mas não é o gosto do Porto. Eu, à cautela, pirei-me logo.
O gosto não se discute? É verdade. O gosto não se discute. Acontece que é frequentemente por causa do gosto não se discutir, que as questões de gosto que envolvem despesa pública são altamente discutíveis. E bem.
O gosto não é democrático? É verdade. O gosto, porque não é discutido e é uma atitude individual, não é democrático. No sentido de que ninguém é obrigado a gostar do que gosta a maioria. Como também ninguém é impelido a detestar o que a maioria detesta.
Em qualquer dos casos há gostos que podem ser educados. Há uma educação do gosto que é possível e até é tolerável quando não é totalitária nas suas atitudes ou ambições. A educação para esse gosto tem que estar de braço dado com o gosto por essa educação.
Em qualquer dos casos há sempre democracia no gosto individual. A liberdade do gosto disto ou daquilo, tem é que andar de mãos dadas com a liberdade de não gostar do mesmo e até de gostar precisamente do contrário.
Dito isto, em tese, aterramos no plano concreto e importa-nos saber quem paga o que se faz, independentemente do gosto de todos e de cada um. É na altura das contas (das que se pagam, porque as que vão para o "tecto", não contam!) que esta filosofia da democracia e da liberdade se cruza inexoravelmente com a realidade.
No Teatro Rivoli acaba de estrear mais um espectáculo de Filipe La Feria, onde há um violino no telhado mas muita gente na sala.
No lazer do Porto há muito que ninguém começa as casas pelo telhado e só há violinos quando há gente que gosta de ouvir violino, ou há mecenas dispostos a pagar esses violinos para quem os quiser ouvir. É a política certa.
Os públicos minoritários têm que fazer pela vida, percebendo que, ou se organizam, se financiam e se sustentam, ou não hão-de ser os públicos maioritários a tratarem da vida deles.
Estive na estreia de " Um Violino no Telhado" e adquiri várias certezas:
1- A encenação, a coreografia, o guarda roupa, a qualidade artística do elenco, a banda sonora e a adaptação são de nível europeu.
2- Nenhum dos itens descritos no ponto anterior foi feito a poupar, como se houvesse medo das receitas a gerar pelo espectáculo.
3- A sobrevivência da coisa só será garantida pela efectiva adesão dos espectadores, o que não só recomendo como praticamente dou como garantido, na convicção de que o boca-a-boca é o melhor marketing e não duvido que a esmagadora maioria dos que já viram vai dar boa conta disso.
4- Independentemente das doutas decisões dos tribunais, a decisão política de transformar o Rivoli num Teatro ao serviço dos munícipes deixando de o tratar como uma sala de espectáculos para entreter meia dúzia de pseudo intelectuais politicamente comprometidos, foi talvez a decisão mais acertada dos mandatos de Rui Rio.
Depois destas certezas, ficou-me a dúvida sobre a utilidade da redoma VIP onde os convidados podiam beber e comer à vista de quem não podia. Não é assim que se ganha o apoio popular, nem é disso que o Rivoli e o La Feria precisam para que o espectáculo tenha o sucesso que merece. Pode ser o estilo de Lisboa, mas não é o gosto do Porto. Eu, à cautela, pirei-me logo.
Comments
Um grande abraço e continuação de bom trabalho do
HM.