Lisboa/Capitólio


Júri decidiu de acordo com regulamento, recurso é "inadequado e sem fundamento", Nuno Teotónio Pereira

O presidente do júri do concurso público de requalificação do teatro Capitólio disse hoje à agência Lusa que a decisão do júri foi baseada no regulamento, considerando "inadequada e sem fundamento" a decisão de um concorrente interpor recurso do mesmo.

Em declarações à agência Lusa, Nuno Teotónio Pereira sublinhou que ao contrário do que o concorrente número dois pretende mostrar, o "júri tomou as suas decisões de acordo com as condições que estavam expressas no regulamento do concurso".

"Já antes de declarar que ia interpor recurso, o concorrente número dois tinha apresentado uma reclamação por escrito ao júri em que contestava a sua decisão, tendo o júri decidido por unanimidade que a reclamação apresentada não tinha fundamento", disse.

"Além disso, o júri de um concurso é soberano em relação às suas decisões", frisou o arquitecto.

"O júri nada mais fez do que aplicar uma fórmula matemática para avaliar os projectos a concurso", acrescentou.

Mais longe na declaração foi a arquitecta Ana Tostões - que também integra o júri do concurso de requalificação do Capitólio, juntamente com os arquitectos Andreia Galvão, Vera Pais e Jorge Ramos de Carvalho e com os engenheiros Fernando Branco e João Freitas.

Questionada pela Lusa sobre qual o motivo concreto que deu origem à apresentação de recurso por parte do concorrente número dois, Ana Tostões afirmou: "O que se passa é que este concorrente acha que devia ganhar o concurso e não ganhou".

"Não é mais do que isto", frisou.

A requalificação do Capitólio - que a autarquia pretende que seja a "âncora" do reabilitado Parque Mayer - custará entre 8,5 e 10 milhões de euros, provenientes das contrapartidas do Casino Lisboa, afirmou recentemente o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS).

O vereador já assumiu o objectivo de as obras se iniciarem nos próximos dois anos.

Os trabalhos deverão desenvolver a traça original do edifício, submetido a várias deturpações ao longo dos anos.

O teatro deverá tornar-se um espaço para várias artes de palco funcionando como o centro da reabilitação do Parque Mayer, cujo plano de pormenor foi sujeito a um concurso de ideias e que se encontra em debate público.

O Capitólio - cujo projecto data de 1925-1929 - abriu em 1931, é considerado o primeiro edifício do Movimento Moderno em Portugal e foi concebido pelo arquitecto Luís Cristino da Silva.

Resolver os problemas estruturais e funcionais existentes no Capitólio, devolvendo-o à traça original, são objectivos da requalificação do edifício, cujo caderno de encargos determina a manutenção da fachada principal, da sala principal de espectáculos, do piso superior e da esplanada ao ar livre.

Para remover são - segundo o caderno de encargos - o balcão existente a meia altura da sala de espectáculos, a cobertura no piso superior e os "foyers" laterais opostos às fachadas laterais em 1935.

A zona afecta ao palco e aos camarins, as caves técnicas, o subpalco e as arrecadações são, segundo o mesmo documento, estruturas passíveis de alteração ou ampliação de volumetria.

Para repor são os parâmetros em vidro das fachadas laterais, os tapetes rolantes - os primeiros do género em Portugal -, como memória do projecto original, e o palco superior para variedades e projecção de cinema.
in Lusa

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