Edições: Biografia de Olga Roriz



A jornalista Mónica Guerreiro, autora da biografia "Olga Roriz", que foi lançada a 07 de Abril, em Lisboa, fez desta obra o repositório de uma história, "a história que fazia falta contar, sobre a artista e a mulher".

Mónica Guerreiro, que também é crítica e consultora das artes do espectáculo, teve "longas horas de conversa" com Olga Roriz, recolheu 53 testemunhos sobre a bailarina e coreógrafa, e consultou jornais desde 1978 sobre o percurso desta destacada personalidade da dança em Portugal.

"É o percurso de uma vida, de uma mulher com muitas particularidades, com um fascínio e talento incontornáveis, mas que também é controversa, que não reúne uma unanimidade de opiniões", descreveu a autora em declarações à Agência Lusa.

Resultado de quatro anos de investigação, a biografia "Olga Roriz", com chancela da Assírio & Alvim, vai ser lançada a 07 de Abril no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, resultado de "uma conjugação mútua de vontades".

Mónica Guerreiro recordou que o lançamento do livro estava previsto coincidir com as celebrações, em 2005, dos 30 anos de carreira de Olga Roriz, dez anos de fundação da companhia como seu nome e os 50 anos de vida, mas tal não sucedeu por imprevistos vários.

Mas a obra viria a ser concluída e está agora no mercado com 287 páginas e 243 fotografias, na sua maioria inéditas, que retratam a vida e carreira profissional de Olga Roriz, "um nome transversal a várias décadas da história da dança independente em Portugal", observou a autora.

Mónica Guerreiro apercebeu-se de que "existem muito poucas obras de pesquisa histórica e estudo nas áreas do teatro e da dança em Portugal", salvo algumas excepções, nomeadamente sobre o bailarino e coreógrafo Paulo Ribeiro e o encenador Ricardo Pais.

"Há ainda hoje uma ideia de que estas biografias deveriam ser póstumas", uma postura apresentada por algumas das pessoas contactadas que se recusaram a falar, o que surpreendeu a investigadora e consultora da Direcção-Geral das Artes (DGA), também colaboradora da revista online OBSCENA.

Mais de meia centena de pessoas deram o seu testemunho, entre elas Gil Mendo (autor do prefácio), Jorge Salavisa, José Sasportes, António Pinto Ribeiro e muitos bailarinos, coreógrafos, músicos, críticos, professores e técnicos que trabalharam ou acompanharam os trinta anos de carreira de Olga Roriz.

O resultado é um perfil de alguém que não reúne consenso: "Algumas pessoas dizem que é difícil e obcecada com os processos de trabalho. Há uma entrega quase excessiva, passional aos seus projectos, que acabam por ser ao mesmo tempo dolorosos e apaixonantes", retratou.

O livro tem também "muitas surpresas" sobre a vida de Olga Roriz porque, além dos aspectos profissionais e da recriação de uma época histórica, são abordadas "facetas pessoais menos conhecidas do público".

"Esta história de uma mulher revolucionária no mundo da dança - que levou música da Nina Hagen a acompanhar uma coreografia no auditório da Fundação Gulbenkian, gerando muita polémica - faz parte do nosso património artístico, social e cultural", salientou.

As mais de duzentas fotografias são, na sua maioria, do arquivo pessoal de Olga Roriz, e mostram desde a família mais próxima, a infância, o período de formação artística e os espectáculos, culminando na estreia de "Paraíso", em 2007, em resultado de uma encomenda do Teatro Nacional de São Carlos.

Também existem fotos tiradas por mais de 40 fotógrafos, entre eles os portugueses Rodrigo César e Jorge Gonçalves, com destaque para uma tirada pelo célebre Helmut Newton, durante um ensaio de um espectáculo nas escadarias do Casino do Mónaco.

"Esboçar uma biografia, seja ela qual for, implica mais do que uma viagem no tempo: implica viajar ao interior de uma pessoa. É necessário cartografar e explicar os acontecimentos importantes, mas também transpor o muro que existe para além desses e retratar um ser, em carne viva, com corpo e com espírito", sustenta Mónica Guerreiro no livro.
in Lusa

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